Margaret Thatcher, Indira Gandhi, Golda Meir, Ângela Merkel, Kim Campbell, Edith Cresson, Soong Ching-ling, Jiang Qing e Dilma Rousseff – estas são as oito mulheres que conseguiram alcançar o posto supremo de líderes de nações na contemporaneidade. Poderíamos ainda citar outras, mas elas alcançaram o trono num regime monárquico o que depende apenas do nascimento e da falta de herdeiros devidamente indicados e aprovados para a sucessão, portanto inadequadas à resposta da questão título.
Uma forma de delinear um perfil adequado para o exercício de liderança política seria extrair das biografias destas oito líderes indicadores eficazes; uma outra seria compreender a visão social do feminino uma vez que o eu se estrutura no confronto entre dois desejos: o do próprio sujeito e o dos outros (o que eu quero ser e o que o outro espera de mim). Agindo desta forma conseguiríamos uma ideia do lugar feminino no imaginário popular responsável pelo sucesso ou insucesso da carreira política. Assim vamos buscar subsídios nas falas de grandes pensadores ou líderes que foram registradas culturalmente como verdades ainda que parciais.
“Se você quer algo, pergunte a um homem, se você quer que algo seja feito peça a uma mulher.” (Margaret Thatcher) Esta fala sugere que o homem sabe querer, e a mulher sabe fazer. Querer e fazer pertencem a campos distintos: o primeiro refere-se à vontade, ao planejamento, à imaginação que contém o sonho como também à direção, o gerenciamento e às situações de liderança. O segundo refere-se à ação, à execução de um planejamento, à transformação de um sonho em realidade concreta, à possibilidade de criar e transformar, e, enfim o trabalho. Mesmo sabendo da complementaridade dos termos reconhecemos uma forte influência de estereótipos de gêneros.
“Se as mulheres não existissem, todo o dinheiro do mundo não teria sentido.” (Aristóteles Onassis) Para ele o empenho masculino em direção ao sucesso econômico só acontece se for direcionado ao olhar feminino e à conquista da atenção amorosa de uma mulher.
“Sentir, amar, sofrer, devotar-se, será sempre o texto da vida das mulheres.” (Honoré Balzac) Ele enfatiza o sentimento e até mesmo o anulamento de si como essência feminina, excluindo dela sua capacidade racional e produtiva. Esta visão do feminino como permeado pelo masoquismo é a mais frequentemente repetida.
Fazer, encantar-se ou anular-se são qualidades dos submissos e totalmente ineficazes aos desafios próprios do exercício de liderança política!
(*) Psicóloga e psicanalista