A quais extremos o ódio é capaz de levar o ser humano? Há pouco nos identificamos com a mãe de um jovem universitário promissor, no início de uma carreira já marcada pelo sucesso
A quais extremos o ódio é capaz de levar o ser humano? Há pouco nos identificamos com a mãe de um jovem universitário promissor, no início de uma carreira já marcada pelo sucesso, apesar de todos os empecilhos que sua condição social lhe impunha. Este foi assassinado, brutalmente, porque não havia dado a resposta adequada aos traficantes que procuravam localizar um desafeto. Reconhecemos de imediato a ação do ódio quando deduzimos o prazer do exercício do poder e da submissã os mensageiros da morte, sob o efeito de uma agressividade assassina contra um adversário designado revelaram a força de destruição existente na natureza humana com ressonâncias no psiquismo individual e na comunidade como um todo. A simples constatação da existência de uma força interna humana capaz de matar o semelhante, naquele momento em visível situação de desigualdade, pela provável futura ameaça de delação, não nos aquieta, precisamos compreender as armadilhas do ódio que nos permita gerenciá-lo adequadamente. Enriquez (1999) nos esclarece que: “... nas encruzilhadas do ódio, sobrepõem-se obrigatoriamente um sofrimento corporal e mental excessivos. O sofrimento e o ódio encontram-se em um determinismo circular, no qual o sofrimento torna-se causa de ódio e o ódio causa de sofrimento.” Assim constatamos o efeito somativo de um sobre o outr a pessoa em sofrimento – pelo padecimento corporal e psíquico vivenciado – coloca em cena uma força destrutiva que visa tudo aniquilar: si mesma, o outro e até mesmo o mundo ao seu redor. Nos extremos desta experiência de ódio o sentimento de ser e estar perseguido (paranóia) ou o desejo de dor ou sofrimento (masoquismo) permite compreender o que pode ser a loucura do sentido - vivência capaz de engendrar apenas o sofrimento e o ódio, o crime, o erro e a extorsão de sua confissão. Os paranóicos são identificados pelo ódio e no ódio, e ao mesmo tempo pelo sofrimento que o perseguidor inflige e exige. Já os masoquistas caracterizam-se pelo excesso de sentido concedido ao sofrimento. Para os primeiros o ódio justifica o sofrimento, que por sua vez alimenta o ódio – diante de um mundo hostil, fonte inevitável de dor, somente o ódio possibilita o ser. Os segundos são identificados ou identificam-se pelo sofrimento, no sofrimento e em sua libidinizaçã suportar, cultivar na realidade ou na fantasia, fazer gozar ou gozar em si mesmos.