ILCÉA BORBA MARQUEZ

Pensamentos simbólicos sobre o branco

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 11/01/2023 às 18:46
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Após dezembro vivido na plenitude dos seus excessos, chegamos a janeiro com uma proposta singular: refletir sobre a saúde mental e, neste, focando o equilíbrio. Iniciamos essa reflexão atentando à cor branca em seus aspectos simbólicos a partir do seu uso predominante nas festas de fim de ano. Nestas, estamos sempre de branco, evidentemente sem restrições a outras cores, mas usualmente começamos um ano com uma série de pretensões e sonhos, assentados em desejos a serem realizados neste reinício da vida, uma oportunidade de novas chances; entramos no mês de janeiro usando o branco, na tentativa de efetivações múltiplas e todas com equilíbrio certamente – o desequilíbrio interfere negativamente nas realizações pretendidas.

Enquanto cor, o branco pode se situar nas duas extremidades da gama cromática. Ele significa ora ausência, ora a soma das cores. O branco é um valor limite, assim como as duas extremidades da linha infinita do horizonte. É também uma cor de passagem: morte e renascimento; oeste e leste.

O branco é uma não cor que traz em si a possibilidade de todas as cores. O branco produz sobre nós o mesmo efeito do silêncio absoluto. Este silêncio não está morto, pois transborda de possibilidades vivas. É um nada pleno de alegria juvenil, ou melhor, um não anterior a todo nascimento, anterior a todo começo. Em todo pensamento simbólico a morte precede a vida, pois todo nascimento é um renascimento. Em janeiro, o ano nasce e renasce para experiências únicas, nunca antes tentadas, novos desfechos e infinitas possibilidades. Esse caleidoscópio de possibilidades traz também ansiedade expectante aos mesmos desafios, mas novos desfechos. Um mês pretendido Branco, assim é janeiro. Tempo de renascimento depois do fim de outro ano/mês que acabou.

Se dezembro, como dito no início, é mês de excessos – encontros, comidas especiais, bebidas generosamente consumidas, alegrias engarrafadas –, os desequilíbrios geram consequências desastrosas: desequilíbrios na alimentação geram doença corporal; desequilíbrios nas relações sociais geram sofrimentos e caos; desequilíbrios hormonais geram doenças físicas ou impedimentos vitais. A saúde e o bem-estar estão no equilíbrio, por isso o Instituto Janeiro Branco convida a todos para o equilíbrio e seus benefícios. É possível experimentar prazeres e alegrias equilibradamente. Até mesmo a dedicação ao trabalho, tão valorizado e buscado, em excesso adoece, trazendo prejuízos a todos. “O desequilíbrio rouba de Todos Nós, todos os dias, boas oportunidades pessoais, profissionais e sociais.”

 Ilcea Borba Marquez

Psicóloga e psicanalista

E-mail: ilceaborba@gmail.com

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