ARTICULISTAS

Pontualidade na resposta da classe média

Recentemente, durante o lançamento do livro

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 03/07/2013 às 19:32Atualizado em 19/12/2022 às 12:12
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Recentemente, durante o lançamento do livro “10 anos de Governos Pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma”, a filósofa Marilena Chaui fez o seguinte pronunciamento sobre esta desconhecida Classe Média: “A classe média é uma abominação política, porque é fascista, é uma abominação ética porque é violenta, e é uma abominação cognitiva porque é ignorante. Fim”. Menos de um mês depois, a própria classe média, tão malvista por ela e, provavelmente, pelo partido político a que pertence, deu-lhe a resposta ao iniciar este movimento popular e democrático de manifestação pública contagiante, quando mais de 300.000 pessoas saíram às ruas protestando contra tudo que, na política atual, fere os princípios democráticos, principalmente o da representatividade.

Como o verdadeiro significado só se revela no posteriori, esta poderosa manifestação de insatisfação liderada pela classe média, a partir da elevação do valor do transporte urbano, teve sua detecção pelos órgãos de informação governamentais e partidários, donde a fala da filósofa Marilena Chaui. Certamente integrantes da equipe de governo seguem as redes sociais no intuito de saber e prevenir a cúpula governista sobre os anseios do povo e tudo o que pode se tornar: opinião pública. No entanto, houve uma desvalorização das informações colhidas pela espionagem muito de acordo com a arrogância dos líderes petistas, confortavelmente instalados no comando e na crença de fidelidade daqueles que se beneficiam das ações sociais “magnanimamente” distribuídas.

Somente os resultados das últimas pesquisas de opinião apontando queda de 27% na aprovação popular ao governo Dilma, que terá consequências inevitáveis nos resultados das urnas de 2014, movimentou o governo. De um lado, decisões aguardadas a tempo pelo povo foram tomadas num estalar de dedos; por outro lado assistimos indignados a uma estranha repetição de velhos slogans e projetos junto aos velhos companheiros de sempre. Até mesmo o senador Renan Calheiros - aquele que saiu pela porta da frente só para retornar em seguida pela porta do fundo, apoiado pelos votos secretos e compadres poderosos - apareceu em mídia nacional ao lado da presidente.

O que temos ouvido nas ruas é a voz da Classe Média: aquela que não é pobre e nem rica, aquela que trabalha muito para cumprir seus compromissos familiares e pessoais, aquela que sustenta o governo, através dos seus impostos exorbitantes, repassando seus ganhos obtidos duramente nos cinco primeiros meses de cada ano para um serviço público que não os utiliza, aquela que assiste as ações de governo de cunho populista amordaçada, aquela que compreende os jogos do toma lá dá cá estatizante e corrupto, aquela que soltou a voz num grito furios queremos políticos diferentes!

(*) Psicóloga e psicanalista

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