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Por uma justiça da vítima 2

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 30/08/2022 às 19:20Atualizado em 18/12/2022 às 14:19
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Um fato fortuito preenche o vazio das informações a partir do posto de combustível até a descoberta do corpo. Um advogado, que visitava o Rio de Janeiro e sua filha para as festas de fim de ano, Hugo da Silveira, passa pelo local – rua Cândido Portinari – e vê dois carros estacionados um a atrás do outro, numa cena que considerou suspeita. Passa uma vez e retorna outra, definindo – dois carros e um casal. Este retorno lhe dá condições de anotar as placas. Vai até uma delegacia próxima e traz consigo policiais, que, na tentativa de inspecionarem o carro restante, já que um deles não estava mais no local, deparam com um corpo sem vida, com perfurações de objeto cortante e marcas de violência na face. Depois, descobrem que a vítima é a atriz Daniela Perez, sem nenhum objeto que a identificasse imediatamente, sem a pochete que carregava neste dia e que continha seis mil dólares para a compra de um carro.

Com a cobertura dos fatos pela imprensa, o advogado reconhece o casal: Guilherme de Pádua e Paula Thomaz. Faz depoimento fundamental, que elucida de vez a cena final do assassinat a desova de um corpo sem vida.

Apesar das filmagens do par romântico da novela “De corpo e Alma” significarem um final para o Bira e Yasmim, os personagens voltam à cena pública acrescida de um terceiro personagem: Paula, a esposa de Guilherme e até então totalmente excluída do setting de filmagens. Foi também neste último dia de filmagens que Bira (Guilherme) pediu licença para se ausentar por alguns minutos, já que sua esposa estava à sua espera no Barra Shopping. Parece ser esta a primeira vez que se referia a ela para o pessoal que trabalhava com ele.

Apesar da rapidez investigativa que esclarece o crime logo em seguida à descoberta do corpo, a confusão se instala e versões tomam formas as mais diversas, aparentando tornar este mais um caso sem solução, só possível com os esforços sobre-humanos da Glória, indo atrás de qualquer informação que ajudasse na elucidação.

Foi ela que conseguiu as testemunhas chave no posto de gasolina, com os frentistas e com o lavador de carro que limpou o sangue do Santana. Para isso, retornou aos endereços várias vezes, esperou na chuva e no sol, até sensibilizar os envolvidos. Até mesmo o cheque dado por Daniela em pagamento ao combustível no posto desapareceu misteriosamente. Todos aparentavam muito medo de denunciar! Os dólares com a pochete desapareceram e o objeto cortante dos ferimentos nunca foi encontrado e tampouco foi feita a reconstituição dos fatos após a confissão do culpado. Tudo era exceção, a não ser a violência que é assinatura de ódio.

Ilcea Borba Marquez

Psicóloga e psicanalista

e-mail: ilceaborba@gmail.com

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