Para compreender o caos de hoje precisamos seguir a corrente histórica
Para compreender o “caos de hoje” precisamos seguir a corrente histórica em sentido contrário indo até aquele momento crucial do nascimento dos novos líderes brasileiros na tentativa de delinear os perfis que somente a sequência dos fatos possibilita, buscando verdades e destruindo mentiras, a começar pela ideologia reinante.
O Partido dos Trabalhadores nasceu de um encontro inusitad de um lado, o organizado e atuante sindicato dos metalúrgicos sob a natural liderança de um dos seus iguais – Luiz Inácio Lula da Silva; do outro lado, a elite intelectualizada dos professores graduados e pós-graduados, pairando alto nas nuvens teóricas das ideologias Marxista, Stalinista e Trotskista em busca de um chão de sustentação – um representante do “povo”, com perfil para articular massas, formado nas bases socialistas do momento para organizar grupo coeso, sustentador de ações guerrilheiras e revolucionárias, de acordo com o exemplo russo capaz de transformar o Brasil numa ditadura talvez socialista, certamente revolucionária, em substituição à ditadura da burguesia. Criar um sistema de partido único e erguer um regime similar aos que existiam na China e em Cuba. Dirigir as massas exploradas em todas as frentes da luta de classes, na cidade e no campo.
Desde sua criação percebe-se a falácia dos seus princípios: o Partido dos Trabalhadores nasceu cindido em torno da busca pelo PODER a qualquer preço, os trabalhadores em busca do poder econômico; os intelectuais em busca do poder ditatorial e ideológico, ambos na ilusão que a voracidade de poder poderia ser o elemento de união, esquecidos que os ditadores socialistas são obcecados com a traição e intolerantes com a divergência de opiniões e com os próprios divergentes. Esta cisão é reconhecível ainda hoje estruturando ala esquerda e ala liberal democrática dentro do mesmo partido.
O que começou dividido iniciou uma sólida expansão dicotômica agora em termos aqueles que produzem e aqueles que não produzem e são sustentados, capazes de gerar revolta entre os primeiros e acomodação entre os segundos. Sob o manto de uma ideologia social de igualdade de classes e de oportunidades de vida encontra-se a maior base de provimento de poder absoluto ditatorial na reconhecível compra de votos e de vontades, atualmente em deterioração moral crescente frente ao exemplo alarmante de impunidade legal e corrupção ativa. Cite-se apenas o crescimento assustador do número de roubos e assassinatos de 2013 até os dias atuais desde que se iniciaram os julgamentos do mensalão, as comissões para análise de denúncias de propina e desvios econômicos na Petrobras (antiga maior empresa do “povo brasileiro”) CPI lava-jato, finalizando com a progressiva desmoralização do Poder Judiciário, incapaz de estabelecer ordem e progresso, conforme determina nossa bandeira.
(*) Psicóloga e psicanalista