Até pouco tempo atrás só existiam “mulheres na vitrine” em Amsterdã/Holanda, atualmente, com as mudanças verificadas após a possibilidade de comunicação à distância trazida pela internet e o comportamento dos internautas em todas as suas ramificações virtuais, “todos estão na vitrine”, menos para mostrar suas verdades (reality shows) e mais para falsear as verdades com marketings pessoais. As páginas, os blogs, as comunidades de amigos, e os orkuts que poderíamos denomina-los os shows reais se transformam em mentiras virtuais provando as contradições da época: esta sociedade que já foi além do espetáculo teatral com local e hora marcada, querendo mostrar o envelhecimento do vivido anteriormente pelas gerações precedentes, inaugura o império do imediato e, sofre freneticamente com a perda do significado. Dizendo-se sem pudores arcaicos, nem vergonhas, agora superadas, e, aparentando comunicação total, o que se destaca é a frivolidade da mensagem. Desta forma o aqui e agora e o que parece ser são impostos; a busca da verdade e do conhecimento profundo são abandonados em favor da superficialidade das comunicações e dos relacionamentos – o teatro é constante e todos estão no espetáculo.
A vida parece virtual, mas não é, os acontecimentos parecem passageiros, sem consequências, mas não são, a mocidade se sente plena, mas somente oculta o vazio de sentido e a fuga do sem-sentido que revelam seus atos. O corpo também não escapa desta situação, e na possível reciclagem das plásticas e das aparelhagens a laser parece que não envelhece e nem está sujeito às perdas: da mocidade, da beleza aparente, da juventude corporal. Numa última e derradeira tentativa de encontrar “a fonte da juventude eterna” buscam num parceiro adolescente seu ideal de vida onde não exista a transformação imposta pelo tempo e suas marcas.
A ciência também dá suporte à crendice de determinismo absoluto – escolha do sexo, das características físicas, da saúde e duração da vida. Espera-se a possível eleição total!
Como prova irrefutável de contradiçã o “mundo globalizado” – sem divisões – tem como característica fundamental a segregação e a rejeição do individual e do diferente. A palavra se transforma em reduzidos sinais e sons primários ou então numa pluralidade de sentido que impede a compreensão para os não-iniciados. Enfim, tentando desesperadamente a liberdade se afastam dela onde imaginam encontrá-la.
(*) psicóloga e psicanalista