O governo do Estado de São Paulo deu início recentemente a um programa de combate às drogas através de internação e tratamento multiprofissional compulsório. Esta decisão está sustentada por estudos, discussões e consensos que envolvem a necessidade de diminuir o índice de criminalidade bem como a deterioração física e psíquica facilmente verificável nestes grupos de pessoas que incluem crianças, jovens e adultos organizados em determinados espaços públicos, exibindo-nos sua forma associal de viver.
O programa abarca fenômenos com uso de drogas, crianças e jovens de rua, intervenção estatal, violência e psicopatias sociais. O interesse e a vontade de seus bons resultados levaram-me a iniciar pesquisa temática donde o artigo anterior Crianças de Rua abordando a dissertação de Martin del Collado “Crianças na Rua”. Em sua publicação a autora conclui que as crianças que habitam as ruas são figuras paradigmáticas do abandon “está só para administrar sua existência”, não possuem tutores, e encontram-se distantes dos pais que lhe deram origem. Caracterizam-se subjetivamente como incapazes de estabelecer vínculo afetivo duradouro.
Os usuários de drogas possuem essencialmente o desejo de autodestruição expresso na recusa radical da existência, na negativa de ser. Ele nega a si próprio como ser existente, se aliena num espaço/tempo fantasticamente onipotente e diametralmente oposto ao ser do humano. No uso de drogas também se observa certa fascinação pelo suicídio. Tal desprezo pela vida decorre do fato de que sua vida é vazia de conteúd “não pode existir querer-viver senão quando há razão de viver” (Charbonneau)
Alguns encontram a razão de viver nas crenças religiosas ou nos engajamentos políticos defendendo velhas/novas teorias sociais. No entanto a conversão dos jovens a uma fé qualquer filosófica ou religiosa não se apresenta como o remédio milagroso tão procurad trata-se de convertê-los para a vida. A geração anterior omitiu-se passivamente no deixar-se viver; a geração presente menos conformista e exacerbada chegou à recusa de viver, mas a cura da drogadição só será possível pela descoberta do sentido – Sentido da Vida, Sentido do Viver; que só se encontra na satisfação da necessidade de ser amado, de saber-se e de sentir-se amado. Cabe aos profissionais envolvidos neste programa conseguir experienciar o amor dando aos seus pares terapêuticos um sentido para a vida!