ARTICULISTAS

Revolucionários adolescentes contra o nazismo!

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 21/12/2021 às 18:52Atualizado em 19/12/2022 às 00:43
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A propaganda nazi sob o comando perspicaz de Joseph Goebbels – ministro da Propaganda na Alemanha Nazista, e eternizada nas cenas gloriosas do filme “O triunfo da vontade” dá-nos a impressão de uma Alemanha coesa em torno do 3º Reich e Hitler. Ela se assenta nos espaços livres, gigantescos, numerosos estandartes com a suástica vermelha e preta, bandeiras alegóricas, bandas ensurdecedoras com ritmos épicos, onde a multidão de jovens altos, louros e atléticos aclamam o líder na famosa saudaçã “Hei Hitler”.

Minha descrença na possibilidade de coesão de todos em torno de temas até mesmo simples me fazia perguntar silenciosamente onde se encaixavam no movimento nazista os pensadores divergentes. Obtive resposta recentemente por ocasião do centenário de nascimento de Sophie Scholl (09/05/1921), membro do movimento “Rosa Branca”, ocorrido de 1942 a 1943 em Munchen, e todas as comemorações feitas em função da data.

Sophie Scholl, uma jovem do seu tempo, também participou ativamente do movimento nazi para os adolescentes – PDM, a partir de 1934, assim como todos os seus cinco irmãos, apesar da diferente tradição familiar: o pai era prefeito da cidade – Forchtenberg, e a mãe, líder na igreja que frequentavam. Quando finalizou seus estudos médios, adiou o ingresso na Faculdade de Biologia e Filosofia por 3 anos, por ter sido chamada a prestar serviços obrigatórios civis numa creche enquanto as mães, também convocadas, trabalhavam no setor armamentício, substituindo os homens, dirigidos para a frente das batalhas.

Seu irmão Hans Scholl, estudante de Medicina, esteve preso alguns dias devido às suas leituras filosóficas, proibidas pelo regime. Aos poucos, os jovens e seus amigos foram se decepcionando, principalmente com o retorno de alguns que estavam na frente da batalha russa, trazendo o testemunho da barbárie nazista com os judeus. Estes jovens, inicialmente um pequeno grupo liderado por um professor, iniciaram suas atividades revolucionárias, confeccionando e distribuindo panfletos críticos à situação do país. Conseguiram papéis, envelopes, tinta e mimeógrafo e começaram a oposição ao regime ditatorial e autoritário, que mantinha fiscalização rigorosa através dos infiltrados espiões em todas as áreas, principalmente a acadêmica. Apesar dos perigos e ameaças, conseguiram enviar oito panfletos, remetidos a todas as residências do Fuher, através dos Correios!

Em 22 de fevereiro de 1943, ao distribuírem o último folheto no hall de entrada da Universidade de Munique, foram detidos pela Gestapo, condenados sumariamente à pena de morte e guilhotinados no dia seguinte. Suas últimas palavras: “mas o que minha morte é importante, se através de nós milhares de pessoas são despertadas e mexidas para a ação?”.

Ilcea Borba Marquez

Psicóloga e psicanalista

E-mail: ilceaborba@gmail.com.

 

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