Sei que muitos irão questionar o título deste artigo, mas é assim mesmo que penso, agora, no Rio de Janeir cidade das minhas melhores lembranças de tantos e maravilhosos anos! Que pena! Concordo com Dora Kramer (Louvada seja a crise), uma vez que a experiência de desprazer experimentada durante os acontecimentos de crise despertam o desejo de mudança e, assim, oportunizam a criação de algo diferente que pode se transformar num novo tempo e numa nova vida.
Tenho pensado bastante nos dias atuais e como os vivemos. O brasileiro perdeu o direito de ir e vir. Vive atrás de muros altos, cercado por arames farpados e cercas elétricas! Quando deixa estas fortalezas onde mora está sempre amedrontado e assusta-se com qualquer estranho que se aproxime. Ninguém ousa abaixar os vidros do carro no percurso que faz, evita lugares onde recebeu informações sobre os assaltos e agressões violentas. Está sempre preocupado com seu celular, bolsa e pacotes, angustia-se toda vez que uma moto com dois passageiros protegidos por capacetes se aproxima. A noite contrata proteção de vigias para sua casa... O sentimento corrente é de medo e até mesmo pavor! Ninguém se aventura a levar as cadeiras para o passeio e sentar-se ao final da tarde como antes!
Na antiga capital, famosa por sua beleza natural, além de tudo que está relatado, os cariocas ainda convivem com o tráfico, guerras na disputa pelos pontos de vendas e liderança criminal! Tiros, confrontos e invasões se multiplicam e acabam por atingir e matar os que estão apenas tentando viver e trabalhar dignamente!
Muitos dirão que isso não é nenhuma novidade para os cariocas; mas a extensão e multiplicação da violência que atinge inclusive todo o país é iniciante. Temos o dever de explicar estes fenômenos a fim de que possamos atuar na sua eliminação.
A atualidade também explicita a corrupção, as propinas, os desvios de verbas que encarecem a vida de todos beneficiando alguns (políticos e empresas) que controlam bilhões de reais, dólares e euros! Um seleto grupo de privilegiados que se apessoou da riqueza brasileira à custa do trabalho, dedicado e disciplinado, de milhões, apesar do “discurso falso de estar lutando contra as elites a favor do povo”. Necessitamos urgentemente rever estes conceitos para definir de uma vez por todas quem pertence à elite e quem ao povo. Sem sombras de dúvida, os políticos e as empresas que os mantêm formam a elite altamente distanciada da vida comum; os contribuintes – aqueles que pagam toda roubalheira – encaixam-se perfeitamente no conceito de povo. O agravante de agora é que as notícias se espalham, via internet, ilimitadamente; as injustiças se tornam conhecidas e o brasileiro perde o respeito mundial e ganha rejeição! Assim não dá!
(*) Psicóloga e psicanalista