Você sabe quantos brasileiros estão, neste momento, desempregados? Você sabe quantos não manterão seus empregos durante este ano de 2017? Você sabe quantas empresas fecharão suas portas? Você sabe quantas empresas farão cortes drásticos de pessoal para não fechar as portas? Todas as respostas definem o período de crise econômica que atravessamos, apesar dos nossos protestos, que a imagem gigantesca do “Pato Amarelo” não deixava dúvidas sobre sua mensagem: “não queremos/iremos pagar o pato”! A dificuldade econômica vivida pelo país atinge a todos e, particularmente, aos que se encontram na classe média e abaixo. Não tem saída!
A partir das declarações de falência pública englobando municípios e estados, tudo é possível: a fome de recursos faz os prazos diminuir, alterando sobremaneira as datas habituais de cobranças de impostos até a situação atual, que concentra num mesmo mês gastos familiares com escola (matrícula, material escolar e uniformes), IPTU, IPVA e os ainda vestígios dos presentes natalinos e férias – merecido descanso dos que se esforçaram durante o ano findante.
Penso muito, também, em todos aqueles que, tendo concluído seus estudos, se dirigem ao mercado de trabalho na expectativa de iniciar vida profissional adulta e autônoma. Como um mercado em retração irá absorver uma oferta crescente de novos trabalhadores? Temos assistido, involuntariamente paralisados, à permanência destes ao estado de dependência econômica e familiar, numa experiência frustrante e inane diante do perigoso apelo prazeroso veiculado pelas experiências altamente atrativas que o uso de substâncias psicoativas representa. São sonhos coartados, são projetos abortados, são gerações inteiras de jovens que não trazem suas valorosas contribuições rejuvenescedoras.
Nunca poderemos afirmar seguramente quantos talentos foram perdidos nas guerras que aniquilaram vidas de várias gerações em várias pátrias. Nunca poderemos avaliar o progresso humano atualmente coartado pelos concursos que ficaram apenas planejados, ou que, realizados, não se efetivaram em nomeações e contratações; quantos talentos estão sendo desperdiçados ou aviltados; quantos projetos de vida estão sendo abortados. E nem estamos fazendo referências aos exilados voluntários que fogem em corrida desesperada para a simples manutenção da vida!
Este é um tempo de guerra que, no entanto, não chega a uma vitória ou derrota. Todos são derrotados! Concordo com Meryl Streep quando vê apenas na imprensa livre a possibilidade de saída – a luz do túnel.
(*) Psicóloga e psicanalista
