A vida contemporânea traz cada vez mais demandas aos profissionais da saúde e, em especial, à saúde mental. A expansão dos desafios aos profissionais da área segue em relação direta à complexidade crescente do viver encarnando os usuais papéis sociais de casais, filhos, pais, professores, e profissionais de todos os setores. Está cada vez mais difícil ser/estar nestas situações que anteriormente pareciam tão simples – bastava seguir os modelos das gerações anteriores. Atualmente, não temos sequer modelo de identificação já que vivemos um tempo de progresso inquestionável em todas as áreas. A complexidade do nosso cotidiano derrota rotinas cristalizadas obrigando todos a incursões ao desconhecido. Este desconhecimento refere-se não apenas às novas psicopatologias, mas também às maneiras pelas quais o sofrimento psíquico é experimentado nos dias de hoje. Basta citar um só exempl a possibilidade atual de autorias diversas através da internet e, em especial os blogs.
Ocupar espaço é um ato político, e assim fizeram milhares de pessoas entre elas milhares de mulheres. “O blog dá lugar a experimentações; sua estrutura aberta, com um espaço vazio, convida o usuário da internet à criação de páginas e de textos variados, à interação com outros. Muitos deles são páginas pessoais, diários íntimos; funcionam também como varais de fotografias, desenhos, músicas, poesias, etc.” (Francisquetti – 2009) Impressiona-nos, sobremaneira, a quantidade de adolescentes e pré-adolescentes que criam blogs. Seriam estes espaços do culto de si ou lugar da alteridade? Birman (Mal-estar na atualidade) se refere ao momento atual como cultura do narcisismo, onde o outro se transforma em objeto de usufruto, em instrumento de incremento da autoimagem, em alguém que pode ser eliminado como dejeto se resiste ao gozo ou em alguém que tiraniza e oprime.
É para este nível de compreensão psicológica do viver humano que o psicólogo é chamado para contribuir com seus conhecimentos. Contribuição cada vez mais necessariamente presente no dia-a-dia das pessoas e em todas as formas possíveis de interlocuçã palestras, entrevistas, escritos e publicações porque assim há um aplacamento da dor psíquica. A sociedade não prescinde mais da figura do psicólogo por mais que possa incomodar os arcaicos representantes da velha e ultrapassada teoria de que o homem precisa apenas de pão, água e proteção contra as intempéries.