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Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 26/10/2021 às 18:44Atualizado em 19/12/2022 às 01:29
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Desde que encontrei num sebo a coleção completa dos volumes que compõem a obra escrita por Pe. Serafim Leite, A história da Companhia de Jesus, e passei a estudá-la, submergi na história da nossa nação brasileira. Ao saber daqueles anos, fui capturada por eles e pelos povos que estão na origem do brasileiro, ou seja, na nossa própria origem.

Assim, busquei outros autores e obras que poderiam completar meu estudo. Em primeiro lugar, a carta de Pero Vaz de Caminha, o primeiro autor a relatar as atitudes e comportamentos dos futuros brasileiros. Em seguida, a obra dos naturalistas Martius e Spix, Uma viagem ao Brasil, que durante 3 anos percorreram nosso território, fazendo relatório detalhado sobre a fauna e a flora nacionais.

Logo apareceram descrições díspares e contraditórias. Pero Vaz de Caminha encena a chegada das naus à praia e o encontro festivo que se seguiu com a acolhida amistosa e festiva que culminou em celebração musical e dançante. Já o texto dos naturalistas relata uma cena de selvageria quando encontraram grupo indígena que, em apoio a um índio traído por sua companheira, amarra-a numa árvore e atira flechas pelo seu corpo, abandonando-a à sua própria sorte, sem alimento e remédios, e ela, como única alternativa, segue atrás e cambaleante seu antigo grupo de pertença.

Duas citações contraditórias que separam em dois os habitantes desse novo mund um grupo amigo e acolhedor e outro selvagem e mau. Aos poucos vamos concluindo sobre a diversidade das etnias que compõem o substrato da nacionalidade com tupis amigáveis e tupinambás canibais, tapuias guerreiros e fortes, grandes auxiliares nas guerras de conquista e expulsão de invasores mercantilistas e muitos outros.

Quando os jesuítas acompanharam os portugueses e espanhóis na aventura dos descobrimentos, tinham um objetivo claro e importante para essa missã chegar ao novo mundo para formar uma nova raça, que diferisse essencialmente dos europeus, sempre em luta competitiva por terras e alimentos, bem como por riquezas nacionalistas. Esses homens em estado bruto em contato com a doutrina cristã e com os dogmas implícitos de fé, esperança e caridade, representariam a salvação da humanidade como um todo. Assim, fincaram raízes nesta terra desconhecida e iniciaram sua catequese doutrinária. Aos que veneravam chefes guerreiros e fortes apresentaram o Cristo crucificado, aos polígamos ensinaram o valor de uma só esposa e a constituição de família, aos livres exigiram a adoção e frequência participativa nos rituais católicos, aos que produziam apenas para comer apresentaram as recompensas ao trabalho diário e árduo para o posterior desfrute na companhia do Deus Único e maior. Desafio descomunal.

Ilcea Borba Marquez - Psicóloga e psicanalista - e-mail – ilceaborba@gmail.com

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