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Tudo começa em casa

Como será a vida destes novos seres que estão nascendo? Como estará o mundo daqui a vinte anos, quando eles estiverem no tempo certo de começar seu processo

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 13/01/2010 às 19:24Atualizado em 20/12/2022 às 08:35
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Como será a vida destes novos seres que estão nascendo? Como estará o mundo daqui a vinte anos, quando eles estiverem no tempo certo de começar seu processo de individuação e independência? E o meio ambiente? Será que o homem já terá conseguido novas condições ambientais e sociais capazes de dar uma base necessariamente protetora aos seus filhos, às novas gerações?

As questões são muitas, as expectativas são grandes e o futuro é incerto! Mas se temos dificuldades em fazer previsões com certezas, podemos tê-las no presente. Não somos capazes de definir o que virá a seguir, mas podemos reconhecer, no momento, tudo aquilo que servirá de base a um projeto possível a uma realização adaptada ou não.

A fragilidade do bebê, a sua imperiosa necessidade de alguém que lhe proteja, alimente e ampare é inquestionável. Se o bebê se apresenta assim ao mundo num total desamparo, à mercê de alguém e dos seus sentimentos, a mãe, enquanto encarregada da reprodução, pois seu próprio corpo investe muito mais em todo o processo reprodutivo, no período de gestação, que antecede a chegada do bebê na sua imaturidade biológica e psíquica, vive o que Winnicott denominou de “preocupação materna primária”: adaptação regressiva e progressiva à realidade do neonatal. Como este está preso numa subjetividade especial, aquela lhe apresenta o mundo e sua realidade a partir das suas possibilidades crescentes. Qual o desafio da criança nestes tempos? Distinguir o Eu do Não-Eu, a partir de um suprimento básico de quebra da experiência de onipotência, iniciando assim seu processo de individuação e subjetividade.

Neste processo de condução gradativa das experiências necessárias à introdução do princípio de realidade que caracteriza o desenvolvimento infantil estão incluídas as funções paternas juntamente com as maternas, como também da família, tendo em vista a complexidade da aprendizagem. Tudo isso para que o novo ser em desenvolvimento seja capaz de alcançar certa identificação com a sociedade, sem perder muito de seus impulsos individuais ou pessoais. É claro que deve existir alguma perda, no sentido de controle dos impulsos, mas uma identificação extremada com o social, acompanhada de perda do Eu e da importância do Eu mesmo ou Eu próprio, não é saudável, de modo algum.

(*) psicóloga e psicanalista

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