O alívio sentido com o fim da greve dos caminhoneiros e sua consequência de desabastecimento
O alívio sentido com o fim da greve dos caminhoneiros e sua consequência de desabastecimento, desastrosa para todos que ficaram impedidos de locomoção tranquila, preocupados com o tanque de combustível e pela iminência de não ter como abastecer novamente seu carro, além de acompanhar, em clima de muita angústia, o esvaziamento das prateleiras nos supermercados e verdureiros, pensando na grande probabilidade do esvaziamento total! São nestes momentos que percebemos como estamos distanciados da natureza e da própria produção do que nos é necessário.
Mas, o alívio não durou muito tempo, e aqui em Uberaba começou o vandalismo dos transportes coletivos e agências bancárias. No primeiro dia, três agências e três ônibus foram destruídos e queimados; no segundo, mais três, e no terceiro dia, mais um, totalizando sete veículos! Para proteger seu património, as empresas diminuíram e paralisaram o transporte coletivo urbano em alguns horários!
A população permanece atordoada, acuada e insegura. O medo é o sentimento sempre presente. A total desinformação e incompreensão dos motivos que levam estes grupos de encapuzados (eles estão sempre com o rosto coberto por gorros pretos) a tomarem estas medidas sem os esclarecimentos aos mais atingidos – o povo – sobre o porquê e o para que dessas violências espalha e expande o terror.
Atualmente, a mídia tem usado um conceito para referir-se a estes vândalos: os infiltrados. Assim, temos notícias de que na greve dos caminhoneiros havia infiltrados, tal como nas manifestações de 2013. A utilização repetitiva de um conceito, no entanto, não modifica a insegurança predominante entre a população. Saber que eles se infiltram ou invadem grupos de descontentes, vandalizando sempre, não altera o pavor. Os que sofrem com estas ações querem saber quem são estes infiltrados, o que estão reivindicando, porque têm dirigido sua depredação aos transportes públicos e agências bancárias! Existe alguma reivindicação? A quem está dirigida?
A observação do momento social indica-nos algumas pistas: este movimento só acontece em cidades de Minas Gerais concentrando-se basicamente no Triângulo Mineiro e Sul de Minas. Anteriormente, acompanhamos com perplexidade o fechamento de presídios mineiros e a transferência dos prisioneiros para outras cidades vizinhas, que, mesmo contestando este remanejamento pela lotação dos mesmos, como também pela existência de grupos rivais fartamente conhecidos, que abre a possibilidade de mortes entre os presidiários, como realmente ocorreu, não impediu a efetivação das ordens superiores... A divulgação de suicídio como causa das mortes não convenceu ninguém! Mas, a decisão destes fechamentos não partiu do povo, pelo contrário, aconteceu à sua revelia! Até quando seremos “BODE EXPIATÓRIO”?
(*) Psicóloga e psicanalista
ilceaborba @gmail.com