A longevidade dos BBBs assim como as crescentes redes de internautas comprovam a análise
A longevidade dos BBBs assim como as crescentes redes de internautas comprovam a análise de que eles representam o mundo pós-moderno enquanto fenômeno social, a ponto de podermos nos referir a este mundo pós-modernidade como o tempo onde o que importa é a exposição sistemática de si mesmo nas “telinhas da TV” ou nas “telinhas” dos inúmeros computadores interligados entre si.
Acompanhar o dia-a-dia na casa/prisão dos Big Brothers nada mais é do que assistir a um Teatro Revista privado e público, onde os participantes seguem o roteiro designado pelos programadores, escrito individualmente por algumas improvisações e altamente censurado e recortado pelos editores. O traço de personalidade ou de caráter mais unanimemente detectado entre aqueles que habitam esta casa sem teto e nem paredes pode ser designado pelo termo “histrionismo”. Mesmo que esta palavra não se encontre comumente nos dicionários, é fácil saber sua origem e significad em Roma, o histrião era um comediante que representava farsas bufas ou burlescas. Podemos dizer que os irmãos são comediantes? Podemos ainda dizer que eles representam uma comédia? Que brincam conosco? Se queremos analisar estes programas como representação cênica, não falaremos somente de comédia, mas de traição e simulação que devem ser denunciadas.
Nesta casa transparente moram os iguais: os irmãos, tanto homens quanto mulheres sem a presença concreta das figuras de autoridade. Esta presença parental, mesmo que não seja concreta, ela é, no entanto, real, porque os roteiristas, os programadores, os censores estão realmente lá, através da “telinha” e nos resultados que são mostrados aos outros - os telespectadores. Os atores se fazem ver: as mulheres querem provar que têm algo a ser mostrado; os homens querem mostrar eles mesmos, ou si mesmos. Tanto umas quanto outros querem aparecer, buscam a boa apresentação e também se preocupam em conhecer o efeito produzido, temendo os comentários. Os meios para aparecer são sempre os mesmos: comportamento real ou sugerido, gestos, penteados, roupas ou ainda a nudez em suas várias nuances, na tentativa de imitar uma outra pessoa. Assim, o discurso e o comportamento se tornam afetados, não naturais, porque se resumem em tentativa de fingimento que acaba revelando o outro de cada um porque para aparecer é preciso pagar com sua própria pessoa.
(*) Psicóloga e psicanalista