ARTICULISTAS

Uma sociedade do conhecimento

Preparar a terra, plantar, capinar e colher são tarefas básicas

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 15/08/2012 às 20:43Atualizado em 19/12/2022 às 17:56
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Preparar a terra, plantar, capinar e colher são tarefas básicas de uma sociedade agrícola cuja exigência essencial aos seus trabalhadores se restringe a um corpo físico capaz de movimentos. A manufatura da revolução industrial, mesmo se levarmos em conta especialidades como marmoristas, metalúrgicos, tecelões, marceneiros e outros, mantém a procura por trabalhadores fisicamente adequados, com capacidade para aprender técnicas manuais especificas trabalhando sobre maquinas ou esteiras de montagem. Nossa sociedade atual é do conhecimento, que nele se assenta como principal fator estratégico de riqueza e poder. Essa sociedade do conhecimento se desenvolve em torno da inovação tecnológica e exige dos seus membros conhecimento digital como fator importante para a produtividade e para o desenvolvimento econômico das empresas e dos países. A informação se configura como o principal ativo das empresas e países em busca de competitividade e por isso é o que se busca nos trabalhadores. Espera-se então que a classe produtiva se informe adequadamente através do processo educativo. A necessidade de educação primorosa está em alta!

Enquanto isso, no Brasil, os resultados de aprendizagem e desenvolvimento dos jovens no período escolar pelas instituições de ensino não são exigidos e nem tão pouco esperados. Prioriza-se o “passar de ano” sem o desastre da repetência, eliminando-se critérios de excelência, e aceitando o despreparo de muitos. Os currículos são enxugados em nome de uma adequação ao moderno ou àquilo que será útil no exercício de uma técnica feita sem questionamentos filosóficos ou desenvolvimento do pensamento crítico. Aos pais cabe gastar muito dinheiro com os desejos consumistas dos filhos e cuidar para que os pequenos não sofram pressões muito fortes quanto ao desempenho na escola. Universidades são criadas para democratização do ensino que na prática significa vender um diploma com custo baixo e pouca exigência de atividades curriculares, atentando para o fato de que os alunos matriculados nestes cursos noturnos são também trabalhadores e, portanto, dispõem de pouco tempo para frequentar bibliotecas, preparar monografias ou aprender conceitos e desenvolver habilidades próprias de cada perfil profissional.

Encontramo-nos assim neste descompasso entre a demanda e a oferta de trabalhadores. A sociedade do conhecimento necessita de trabalhadores hábeis na coleta, controle, armazenamento e liberação de múltiplos conjuntos de informações e a mesma sociedade oferece jovens despreparados intelectual e emocionalmente para os desafios tecnológicos!

(*) Psicóloga e psicanalista

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