ARTICULISTAS

Vida de princesa – A imperatriz do Brasil

Ilcéa Borba Marquez
ilcea@terra.com.br
Publicado em 09/11/2022 às 18:25Atualizado em 15/12/2022 às 23:32
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A descoberta das Américas foi de grande impacto para o resto do mundo, despertando o que poderíamos chamar de interesses gananciosos frente às inúmeras riquezas que imaginavam ser encontradas aqui: solo fértil, minerais variados, pedras preciosas, ouro, prata, enfim tudo que poderiam sonhar... Outras casas imperiais, desejosas da partilha de tantos bens possíveis, abriram-se aos projetos de parceria. Entre eles contratos de matrimônio. A dinastia Habsburgos, dentro desta ótica, tinha recentemente aceito o então Imperador dos Franceses, Napoleão Bonaparte, para matrimônio com sua filha Maria Luísa de Habsburgo-Lorena, pondo fim às hostilidades que o mesmo provocava às cortes europeias.

Assim, as tratativas para o casamento de D. Pedro I, da casa de Bragança, e D. Maria Leopoldina Carolina Josefa de Habsburgo-Lorena ocorreu sem maiores dificuldades, principalmente após o envio de um pedantife com 80 diamantes brasileiros em torno da pintura facial do pretendente. D. Leopoldina enamorou-se imediatamente com aquela figura morena e bem apessoada. A cerimônia oficial aconteceu em 13/05/1817 e tiveram sete filhos.

Maria Leopoldina Carolina Josefa de Habsburgo-Lorena era Arquiduquesa da Áustria, filha de Francisco I, da Áustria, e Maria Teresa de Napolis e Sicília, nascida em 22/01/1797 no Palácio de Schönbrunn, em Viena – Áustria. Teve educação esmerada em Ciências, Política e Línguas. Trouxe em sua comitiva cientistas, artistas, autoridades religiosas, políticas e damas de companhia. Foi educada para obedecer às vontades de seu pai e garantir os interesses da Áustria.

Ao contrário, D. Pedro I foi criado livremente, junto da corte que acompanhou a família real ao Brasil e da população local. A família agilizou o casamento diante da dissoluta vida sexual do herdeiro, que numa relação com atrizes europeias acabara de ser reconhecido pai.

Desde o primeiro dia de casamento demonstraram interesse e afeto entre eles. Tinham na música fator de aproximação e prazer. No entanto, a vida indisciplinada, plena de amantes e ligações fortuitas, manteve-se durante todo os anos de casamento a ponto de D. Pedro I ter filhos com a Marquesa de Santos, sua amante oficial, e também com sua irmã mais velha.

As infidelidades eram conhecidas e reconhecidas e os filhos bastardos eram apresentados na corte desde que D. Pedro I nomeou Domitila como Dama de Companhia da Imperatriz. Os filhos eram companheiros de brincadeiras e viagens. O soldo da Imperatriz, para seus gastos beneméritos e pessoais, era requisitado pelo próprio Imperador, para fazer face aos gastos familiares, ampliados pelas duas famílias e numerosos filhos. Para os brasileiros, D. Leopoldina foi santa e sofredora.

Ilcea Borba Marquez

Psicóloga e psicanalista

E-mail: ilceaborba@gmail.com

 

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