Entre os homens a verdadeira morte se dá com o esquecimento, pois enquanto existir alguém pensado, falando, sentindo, ele está vivo! Morrer é perder essa qualidade de pertencer ao espaço psíquico de uma ou mais pessoas. Cair no esquecimento é deixar de existir enquanto representação psíquica, na memória dos homens.
Parece que a Virlanea está perdendo esta qualidade de viva! A mídia não dá notícias sobre sua morte, sobre o andamento do processo de averiguação de culpabilidade, sobre as provas colhidas que anunciam o culpado ou culpados; enfim, sobre o que está acontecendo sob “segredo de Justiça”. Será realmente necessário tanto silêncio? Por outro lado, sabemos que a opinião pública, fator de extrema importância no desfecho de toda situação conflitiva, se desfaz com o passar do tempo quando outras notícias e interesses ocupam as indagações e o pensamento de todos.
Voltando ao caso, percebemos tratar-se de uma jovem na plenitude da vida, tendo conquistado alguns dos seus objetivos, caminhando sem tropeços dentro do seu plano de vida! Todos que se dedicam à carreira universitária, principalmente através das universidades públicas, sabem o quanto de dedicação e esforço isso representa. Quantas escolhas a favor dos estudos e não do lazer são necessárias, quantas trocas, quantas separações, quanta firmeza decisória nos momentos em que a família, os amigos e todos aqueles que acompanham questionam, pedem ou exigem sua presença!
Há pouco escutava numa sessão as queixas de alguém ao pensar em tudo que abandonou ou perdeu em função da sua decisão de carreira difícil e disputada na área da saúde! Na ocasião, relembrava assustada quantos amigos haviam “surtado” pelo envolvimento tão exclusivista e preocupante com a vocação, com as horas de solidão e concentração em apenas um aspecto da vida!
Pensando em todo o esforço nos estudos que a Virlanea viveu revolta-me a idéia de que alguém se autorize a pôr um fim em todo este caminhar simplesmente em função de um tempo de vida em comum que, em seguida, deveria terminar. “Se não é minha não será de mais ninguém!” – é um lema de possessão diabólica! Mesmo que a dor da perda seja tão insuportavelmente sentida não se torna argumento ou álibi para ação tão violenta quanto irremediável! Um crime é sempre injustificável! Quem já não silenciou um desejo mortífero em nome do respeito à vida do outro?