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Arboricídios

Há os que amam e cuidam – um pequeno elenco preservador, e os que odeiam e matam

José Humberto Guimarães
Publicado em 01/04/2019 às 21:20Atualizado em 17/12/2022 às 19:31
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Há os que amam e cuidam – um pequeno elenco preservador, e os que odeiam e matam - uma legião devastadora.  E há, ainda, os indiferentes que em nada se interessam com os males causados pelo arboricídio. Não é de hoje que se pratica a matança de árvores na cidade de Uberaba. Ela teve início, pelo que consta, na década de 1940 por determinação de um prefeito que, para tentar eliminar lagartas, mandou cortar mais de uma dezena de palmeiras imperiais na praça Rui Barbosa. De lá para cá, a prática se tornou rotina tanto no público quanto no privado. 

Mas o que é mesmo que faz uma criatura cometer arboricídios? A questão é existencial ou material? Ou ambas? O extravasamento das perversidades, provavelmente, nem Freud explicaria.

A atuação dos arboricidas é direcionada principalmente a indivíduos saudáveis e maduros que ostentam troncos vigorosos e copas frondosas. A eles incomoda a robustez do vegetal encorpado que distribui oxigênio, sombra, flores, frutos e abrigo aos seres viventes. Estorva-os flores e folhas no chão a tomar-lhes a passarela.  Importuna-os o canto melodioso dos pássaros que nas árvores fazem seus ninhos. Incomoda-os as jabuticabeiras e mangueiras que oferecem seus frutos. Atormenta-os a natureza irradiando benesses, convidando-os à integração com o ambiente.

A sanha está presente por toda cidade e os crimes podem ser visivelmente constatados e seus executores identificados a partir do centro da cidade, em uma das mais importantes e movimentadas vias, avenida Santos Dumont, onde, logo no início, em seguida à rotatória da Igreja da Medalha Milagrosa, à direita, na calçada que ladeia o então prédio do  Carrefour, depois Bretas, envenenaram cinco oitis de grande porte e em seguida os deceparam ao rés-do-chão, com o notório  propósito de descortinar a fachada do prédio que fora do supermercado.

E basta subir em direção ao aeroporto para se visualizar dos dois lados da avenida o estrago paisagístico e ambiental que foi perpetrado com fim único de oferecer ao público passante painéis com os quais as empresas que ali atuam buscam atrair clientes. Compreende-se que estabelecimentos comerciais precisam exibir suas especialidades e marcas como práticas de divulgação dos seus produtos e serviços.  Mas empresários de boa desenvoltura, como os que naquela valorizada via exercem seus negócios, poderiam ter recorrido a meios de divulgação apropriados para expressar de forma inteligente seus anúncios. Nem mesmo um templo católico, que dispõe de sinos para chamar fiéis, poupou as árvores que fronteavam a igreja.

Mas a supressão criminosa continua aqui e acolá, diariamente, como estampado neste jornal no dia dezessete de março último, onde, reportagem descreve a atitude criminosa de sujeito que portando facão vem cortando sucessivamente, ao que parece de forma odiosa, ipês plantados por moradores no entorno de suas casas.

Como visto, os exterminadores do passado e do presente agem às claras sem temores por seus atos insanos.

Faz-se necessário que órgãos protetores do meio ambiente busquem identificar os arboricidas e imponha-lhes exemplar reparação dos danos por eles causados, como forma de eliminarmos os exterminadores do futuro. 

(*) Consultor para parcerias e arrendamentos rurais; ex-secretário de agricultura de Uberaba

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