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Mudanças no campo que enriquecem as cidades

José Humberto Guimarães
Publicado em 02/08/2022 às 19:09Atualizado em 18/12/2022 às 21:33
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A boa ocupação da terra é fator determinante para que haja desenvolvimento socioeconômico dos municípios interioranos. No entanto, atividades pouco eficientes, executadas sem aplicação de tecnologias e sem mensuração de resultados comerciais, impossibilitam a movimentação da riqueza na maioria dessas localidades. Uma delas, por sinal a que ocupa mais extensão territorial, é a predominante monocultura bovina.

No Brasil, são inquestionáveis os graves prejuízos provocados pela degradação das pastagens, resultado de uma pecuária bovina mantida de maneira extensiva. Este procedimento, dado ao uso contínuo do solo sem o manejo que propicie a revitalização das gramíneas forrageiras que o recobre, provoca a degradação da terra e consequente redução da capacidade da sua lotação animal. Os animais nela instalados deixam de ingerir as quantidades mínimas de alimento desejáveis para o crescimento, reprodução, engorda e produção de leite e, consequentemente, o campo deixa de ter renda e acumula prejuízos.

A mudança deste corrosivo sistema altamente prejudicial à economia, substituindo-o por atividades agrícolas tecnificadas como as produtoras de soja, milho, sorgo, trigo entre outras, proporciona aos seus executores renda apreciável e injeta recursos financeiros no meio urbano, fazendo crescer o comércio, a indústria e os serviços.

Esta diversificação de empreendimentos rurais, integrando lavoura e pecuária, beneficia em primeiro plano os próprios produtores, pecuaristas de todos os portes, os quais, adotando-a, podem garantir rendimentos financeiros de diferentes produtos em diversas épocas do ano. Este procedimento de gestão propiciando existência de maior variedade de produtos, além de compensar as alterações sazonais de mercado, proporciona entrada adicional de recursos no rendimento das famílias da região.

A opção pela ocupação da terra por lavouras eficientemente produtivas funciona como multiplicador dessas áreas, que se transformam, duplicando ou triplicando, comparados seus rendimentos com a pecuária extensiva, levando em conta a renda proporcionada por hectare/ano.

Para exploração de lavouras comerciais, como a da soja e do milho, são necessários conhecimentos profissionais, frota de máquinas e recursos financeiros para que se possa implantá-las, requisitos que não inviabilizam sua introdução em áreas onde essas culturas ainda não se tornaram expressivas. Pecuaristas de todos os portes podem, seguramente, adotá-las em suas propriedades através de arrendamentos.

É de se salientar que entre as muitas vantagens proporcionadas pela instalação da sojicultura em localidades com aptidão para a produção desta oleaginosa, uma das mais importantes é o necessário surgimento de outras lavouras que serão cultivadas em sua sucessão. Intercalar rotações inibe o aparecimento de pragas e promove a intensificação de culturas, sendo a principal delas a do milho, em escala comercial.

O mecanismo eficiente para se dar início a um profundo processo de transformação que interfira na ocupação racional da maior riqueza dos municípios interioranos é, comprovadamente, a instalação de uma Bolsa de Parcerias e Arrendamento de Terras.

O Triângulo Mineiro tem grande espaço territorial potencialmente adequado para se tornar um polo muito mais expressivo de produção de grãos. Transformá-lo em uma sólida e produtiva zona agrícola é questão de escolha da sua população. Nunca é tarde para se colocar mãos à obra.

José Humberto Guimarães

Consultor para parcerias e arrendamentos rurais; ex-secretário de Agricultura de Uberaba

josehumbertogui@gmail.com

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