Projeções do Ministério da Agricultura quanto às lavouras brasileiras dão conta de que as futuras safras de grãos
Projeções do Ministério da Agricultura quanto às lavouras brasileiras dão conta de que as futuras safras de grãos crescerão a um ritmo de mais de 2,5 por cento ao ano e alcançarão mais de 300 milhões de toneladas em 2028, um acréscimo de pelo menos 30 por cento em relação ao ano de 2018. Grande parte destes produtos, como soja e milho, seguindo os mesmos cálculos, além do suprimento do mercado interno, será exportada - cerca de 120 milhões de toneladas. Estimativas promissoras para o país! Por outro lado a China, maior parceiro comercial do Brasil desde 2009, com a qual obtivemos uma receita de cerca de 100 bilhões de dólares em 2018, manifesta mais uma vez seu explícito desejo de realizar acordos de longo prazo no setor alimentício com o Brasil. Através de seu embaixador recém-empossado, em uma apresentação para empresários e autoridades em São Paulo, declarou: “O setor agrícola é uma importante parte da nossa cooperação comercial. A China gostaria de aumentar essa cooperação e intensificá-la com o objetivo de construir uma parceria de longo prazo, na qual ambos os países possam ganhar”. Afirmações auspiciosas para o país! Mas e Uberaba, como fica diante destas oportunidades ímpares? Se trabalharmos firmes e dedicadamente com foco nos elementos básicos de que dispomos, poderemos ganhar muito e até tirarmos a diferença daquilo que não realizamos até agora. Uberaba é um polo de produção, captação e distribuição de grãos, contando privilegiadamente com duas ferrovias que alcançam os portos de Santos (SP) e Tubarão (ES). Atrai investimentos portentosos como é o caso da VLI logística, estruturada no município, a cerca de 50 km da cidade, ladeada pela BR-050 e pela ferrovia Centro Atlântica, onde é estupenda e impressionante a movimentação de embarque de soja, milho e açúcar com destino ao exterior. Entretanto, próximo da cidade, o Distrito Industrial 2, do Caçu, também ao lado da BR-050, convenientemente projetado e criado na década de 1980 para alojar silos e armazéns graneleiros e que dispunha de um ramal ferroviário para alcançar a linha tronco hoje da Centro Atlântica, não teve o mesmo destino do parque de operações que a VLI instalou na região do posto “Cinquentão”. Ficou estagnado, não recebeu novas instalações de armazenamento e o ramal ferroviário que o ligava à ferrovia mestra foi destruído. Sua situação é precária. Duas unidades armazenadoras governamentais que ali funcionaram - Conab e Casemg - estão falidas, esta última encerrando atividades nestes próximos dias. Frente a este cenário e à oportunidade única, de ouro, oferecida pela perspectiva do crescimento das safras e do contínuo apetite chinês, o que é que devemos fazer para garantirmos nossa participação nesta extraordinária oportunidade de desenvolvimento? De imediato revitalizar o Distrito Industrial 2, reconstruindo o ramal ferroviário que o interliga aos corredores de exportação e buscar investidores para construção de armazéns graneleiros, que podem ser empresários chineses. É sempre bom enfatizar que procedimentos como o que sugerimos têm que ser iniciados agora para acontecerem daqui a dois ou três anos. O trabalho tem que ser permanente, lembrando que a China tem 1 bilhão e trezentos e cinquenta milhões de pessoas. Depois dela, temos a Índia com 1 bilhão e trezentos milhões de bocas para serem alimentadas e que o Brasil, além dos 60 milhões de hectares já produzindo alimentos, tem ainda mais de 100 milhões de hectares para serem plantados. E para efeito de raciocínio vai aqui uma lembrança: Para carregar um silo graneleiro de 60 mil toneladas, como os poucos que temos em Uberaba, são necessários 2 mil caminhões! Imaginem só a frota necessária para o carregamento de armazéns que estocam 2 milhões de toneladas como é o caso dos existentes em nossa co-irmã Uberlândia. Então, persigamos esta oportunidade de ouro, ou melhor, de soja e de milho. José Humberto Guimarães Consultor para parcerias e arrendamentos rurais josehumbertogui@gmail.com