O Brasil é na atualidade um dos quatro maiores produtores de alimentos do mundo. Ainda assim, a área cultivada geradora de cerca de 270 milhões de toneladas de grãos da safra 2020/2021 é muito pequena se considerarmos o espaço territorial apto à expansão de lavouras no país sem que a ampliação cause qualquer prejuízo ambiental.
A Associação Rede Integração, Lavoura, Pecuária e Floresta mantida pela Embrapa e composta por mais seis empresas ligadas ao agronegócio vêm cumprindo desde 2012 um trabalho significativamente expressivo na ampliação da área cultivada no país, fazendo-o com sustentabilidade. Neste período, de dez anos, a Associação contabiliza uma área de 17,4 milhões de hectares ocupados com o sistema tecnológico por ela preconizado. No entanto, a Rede ILPF – Integração Lavoura Pecuária Floresta, tem o propósito de promover a ampliação deste importante processo produtivo, elevando-o para 35 milhões de hectares até 2030, colaborando assim com o alcance das metas apresentadas pelo Brasil em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) ao acordo de Paris durante a COP 21 e reforçado pelo Programa ABC+ do Mapa e os compromissos assumidos na COP-26 em Glasgow, Escócia. Estes comprometimentos tratam da redução de emissões de gases de efeito estufa e sequestro de carbono pelo solo e biomassa, entre outros benefícios socioambientais e econômicos.
Diante destes compromissos e suas metas de expansão, um programa para viabilizar o acesso à terra de maneira moderna e comprovadamente eficiente, que já foi praticado pelo Banco do Brasil e pelo Ministério da Agricultura, está em formataçã A Bolsa de Arrendamento de Terras, programa este que poderá contribuir em grande parte com os propósitos almejados pela Rede em busca da duplicação da área desejada.
Neste sentido, é atribuição da Bolsa promover a identificação e a aproximação de empreendedores interessados na expansão de suas atividades através de arrendamentos, mobilizando proprietários de terras subutilizadas para que se envolvam ao processo produtivo e atraindo agricultores profissionais para a ampliação de seus negócios em regiões de aptidão para culturas com mercado garantido aqui e no exterior.
É de grande importância levar em conta que, para a ocupação do território pretendido com a integração lavoura, pecuária e floresta, se considerada uma área média de 300 hectares por produtor, para que se atinja o montante de 17,5 milhões de hectares, será necessário envolver cerca de 100 mil empreendedores entre proprietários de terras e agricultores profissionais. Uma tarefa gigantesca!
Ressalte-se também que entre proprietários de terras o foco se direciona para pecuaristas que estão com suas áreas de pastagens degradadas ou em degradação. Somente em territórios onde o uso contínuo com a pecuária bovina tem causado degradação há cerca de 30 milhões de hectares necessitando de revitalização. Ao incorporar parte deste imenso espaço ao processo produtivo, os ganhos se manifestarão sob forma de safras de grãos e madeira e elevação da lotação animal de uma para até três unidades por hectare, com plantéis bovinos ingerindo forragens nutritivas a pasto.
Já para o elenco de profissionais agricultores equipados com máquinas, implementos e recursos financeiros, interessados em áreas maiores apropriadas para culturas de grãos, o Programa oportuniza empregar seu grupo familiar no negócio, do qual são exímios trabalhadores, sem que esses profissionais se obriguem a imobilizar recursos financeiros na compra de terras.
Portanto, a parceria em foco, associando objetivos comuns da Rede de Integração da Embrapa e a Bolsa de Arrendamento de Terras, preenche interesses de agropecuaristas empreendedores do país que buscam maiores espaços para o aumento das suas escalas de produção e diversificam suas atividades campesinas, realizações estas que contribuem para a escalada do Brasil em direção ao podium número um da produção de alimentos no mundo.
José Humberto Guimarães
Consultor para Parcerias e Arrendamentos Rurais
Ex-secretário municipal de Agricultura de Uberaba
Josehumbertogui@gmail.com