Na maioria dos municípios do interior brasileiro, lideranças locais ainda não se deram conta de que a produção de alimentos é o melhor recurso que se tem na atualidade para promover o desenvolvimento das suas regiões, gerando renda e emprego. Parcela considerável de instituições públicas e privadas não avalia e nem discute ainda como promover a boa ocupação da terra com atividades que produzam alimentos demandados pelo mercado interno e externo na extensão das oportunidades existentes.
A busca por empreendimentos tecnificados executados por profissionais agropecuaristas está sendo, sem qualquer dúvida, o meio prático, desburocratizado e eficiente para movimentar a riqueza de regiões onde ainda impera a pecuária bovina extensiva e predominam grandes áreas de terras planas, mecanizáveis, bem localizadas, mas recobertas com pastagens degradadas.
As modernas e produtivas atividades rurais dedicadas à produção de alimentos se expandem rapidamente em diversas regiões do país, ocupando áreas agricultáveis até então subutilizadas com exploração pastoril de baixo rendimento. Esta diversificação sobre espaços territoriais mal ocupados, substituindo-os por atividades produtivas de alto desempenho, implementa expressiva movimentação da riqueza dos municípios interioranos onde estas são praticadas.
O mercado para produtos agrícolas vem crescendo acentuadamente no consumo interno e já atende uma parcela de, aproximadamente, 800 milhões de pessoas no exterior. Países populosos, como a China, firmam contratos de longo prazo para a aquisição de soja e milho, e outros, entre os quais a Índia, principiam suas compras de grãos brasileiros. Estes negócios projetam regularidade e ampliação do comércio, tendo em conta a política de segurança alimentar adotada por nações que buscam a estabilidade social.
Em decorrência deste mercado, as safras são ampliadas. O IBGE registra que as colheitas do ano agrícola em andamento – 2022/2023 – devem alcançar 293,6 milhões de toneladas de grãos, cereais e leguminosas, uma alta de 11,8 por cento em relação à safra passada. Projeta-se que o Brasil deve elevar a produção de grãos atual de 270 milhões de toneladas para cerca de 350 milhões de toneladas até 2030.
O Brasil é o país que reúne as melhores condições para a produção de alimentos na escala exigida pelo atual e progressivo mercado mundial, sem prejuízos para o consumo interno. Com um gigantesco espaço ainda a ser ocupado, cerca de 100 milhões de hectares constituídos em quase sua totalidade por pastos degradados, agricultores brasileiros têm como ampliar suas lavouras, lançando mão de um mecanismo de desenvolvimento aqui no país já bem praticado, mas podendo ser muito mais utilizado: o arrendamento de terras. Este é o instrumento adequado e, seguramente, o meio racional e apropriado para a viabilização da expansão horizontal da agricultura brasileira. Através destes contratos, profissionais ampliam suas lavouras sem estagnar capital na compra de imóveis, direcionando os recursos financeiros não imobilizados para a aquisição de materiais destinados à produção, como insumos e máquinas agrícolas.
As oportunidades, portanto, estão bem aqui, na região de influência de Uberaba, onde a inclusão de novas áreas a este promissor processo produtivo certamente revolucionará toda a economia regional, com a ocupação de milhares de hectares até então utilizados precariamente com bovinos. Esta substituição vantajosa, do pasto degradado por lavouras de soja e de milho, propiciará a introdução de atividade rentável em regiões ainda desprovidas dos meios apropriados para dinamizar sua economia.
Os municípios do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba somam cerca de nove milhões de hectares (quase do tamanho de Portugal) e têm grande espaço territorial potencialmente adequado para se tornar um pólo muito mais expressivo de produção de grãos. Transformá-lo em uma sólida e produtiva zona agrícola é questão de escolha da sua população. Uberaba, por meio de suas Instituições, tem como liderar esta transformação.
José Humberto Guimarães
Consultor para Arrendamentos e Parcerias Rurais; ex-secretário municipal de Agricultura de Uberaba
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