A maioria das pessoas desconhece o esforço permanente que um pequeno elenco de abnegados ambientalistas empreende para promover a causa da preservação de árvores em uma cidade como Uberaba, onde o plantio e a manutenção destas integrantes do ambiente não são considerados importantes e não há planejamento para plantá-las por quem deveria fazê-lo.
A disponibilidade de áreas verdes em espaços urbanos é fator fundamental para que haja qualidade de vida para as pessoas. A Organização das Nações Unidas (ONU) preconiza um ambiente verde de 18 metros quadrados para que o cidadão viva de maneira saudável, sentindo-se integrado à natureza, permeando parques, respirando ar puro, caminhando e visualizando satisfatoriamente a paisagem natural. Belo Horizonte em Minas Gerais e Curitiba no Paraná são duas cidades exemplares na disponibilidade de áreas verdes para seus habitantes; a primeira, com 70, e a outra, com 56 metros quadrados de revestimento arbóreo por habitante.
Em Uberaba há um preocupante déficit de áreas verdes que se constituem de apenas 7 metros quadrados por habitante, revestimento florestal este que não preenche as necessidades das populações humanas e silvestres. Como agravante da deficiência, deve-se levar em conta que a cidade tem crescido em seu espaço físico sem que as áreas verdes indispensáveis acompanhem e beneficiem esta expansão imobiliária. Conforme dados divulgados pela Secretaria Municipal de Planejamento de Uberaba, em dezembro de 2020, a quantidade de lotes aprovados e implantados a partir de 2013 – há oito anos, portanto – soma 27.388 unidades, abrangendo uma área de, aproximadamente, 1.500 hectares. Para uma expansão desta ordem são necessários pelo menos 300 hectares de áreas verdes sobre os quais não se tratou em momento algum da sua implantação.
Esta defasagem se dá por causa de uma questão comportamental sustentada na falta de educaçã não se tem ensinado à população os valores dos espaços verdes que permeiam a cidade. Daí o descaso com o plantio e a execução inescrupulosa da supressão, executada em maior quantidade do que o plantio. Por isto, é admirável e animador o movimento denunciador que um senhor de respeitável idade realizou para impedir o corte criminoso de uma árvore frondosa e sadia na avenida Alberto Martins Fontoura Borges. Na atualidade, mesmo com limitações físicas que o obrigam a permanecer em casa, mobilizou vizinhos e, também, o Jornal da Manhã. O resultado é que o “neem indiano” que ele plantou há dez anos foi preservado, permaneceu lá em frente à sua casa e ele se sente orgulhoso do seu feito. Essa pessoa corajosa e determinada é o senhor Agenor Carneiro de Souza, que causou emoção entre uberabenses pelo seu gesto valioso e hoje, merecidamente, já está sendo considerado como um dos símbolos vivos da resistência ao corte de árvores.
Busquemos no exemplo do senhor Agenor Carneiro de Souza os motivos para conscientizarmos uberabenses quanto à importância de se plantar e preservar árvores. Nenhum plano, por mais organizado que seja, conseguirá mudar o estado atual de grande deficiência de áreas verdes se a população não se sensibilizar pela causa do plantio e da preservação de árvores.
A educação ambiental deve ser fundada no amor à natureza e seus componentes, cultuados como valores para a humanidade. Plantar árvores e preservá-las requer sensibilidade e interesse pelo bem-estar social.
José Humberto Guimarães
Consultor para Parcerias e Arrendamentos Rurais
Ex-secretário municipal de Agricultura de Uberaba