O dia amanhecia em 11/09/2001, o mundo se surpreendia e exasperava com o ataque às torres gêmeas dos Estados Unidos. Culpado assumido, Osama Bin Laden foi caçado até ser morto pelas forças americanas. De lá até hoje, várias são as teorias, os motivos, as razões que podem ter levado àqueles e outros atos congêneres. O mundo parou e todos entendiam que algo grave estava acontecendo. Lembro-me como se fosse hoje das minhas e das reações de pessoas que comigo estavam naquele momento.
Eu achava que aqueles ataques ao vivo superavam tudo de ruim que eu poderia ver e acreditava ser impossível Hollywood fazer um filme tão realista. Eram cenas de filmes acontecendo em tempo real, com mortes e mais mortes e desdobramentos que, a cada momento, se superavam e culminaram com os desabamentos daqueles colossos da engenharia.
O mundo consternado parecia aprender uma lição. Todos os líderes políticos, policiais e religiosos da época se revezavam em lamentos e buscas por explicações. O que aprendemos, ou o que melhoramos, enquanto civilização nestes últimos 24 anos?
O tempo andou implacável, casei, tornei-me pai e, a cada dia, vivo expectativas de uma humanidade mais compreensiva e, apesar do meu otimismo, o copo insiste em ficar meio vazio.
Mudanças geopolíticas, mudanças econômicas e nas relações entre países, mudanças nos blocos comerciais e o enfrentamento de uma pandemia do SARS-CoV-2, em 2020. E o que temos?
80 anos relembrados recentemente do fim da 2ª Grande Guerra Mundial. E o que temos?
O avanço da direita mundo afora, o conflito e a busca de nova identidade da esquerda e as forças equilibristas de centro, estas olhando para o próprio umbigo. E o que temos?
A IA, uma realidade necessária posta, gerando avanços e sendo barrada por falta de infraestrutura, aumentando a concentração de saber, poder e riqueza — e isto convivendo com milhões que não têm o básico na educação, saúde, alimentação e oportunidade — e isto ser liberalismo, deixa-nos sem entender para onde, de fato, vamos. Os ditos líderes rasgando todas as regras emanadas até aqui, a dúvida se mantém. E o que temos?
Uma menina de 11 anos morre espancada por colega(s) de escola, no interior de Pernambuco; homem de 31 anos morre nos Estados Unidos, vítima de uma bala e de uma estatística por ele defendida. E o que temos?
No nosso país, vivemos hoje uma divisão nunca imaginada e que parece intransponível. Está tão ruim que nossa Bandeira fica em segundo plano e um lado empunha a americana e o outro lado, a palestina. Aqui é crucial. E o que temos?
Vivemos a tristeza da opressão e do oprimido, inclusive no pensar e no opinar? Eu posso tudo o que você não pode. E o que temos?
O jogo é bruto, tem que ser jogado e sempre será descrito pelos vencedores. Mas será que temos vencedores?
Enfim, sempre teremos 11 de setembros para nos fazer parar e pensar. É o que temos?
Não seja estatística no Setembro Amarelo. Busque ajuda e apoio. Isto ainda temos.