A pandemia instalada, o isolamento forçado, o país parado, e a população insana, confusa, doente e temente, sabendo que tudo parou, mas como a roda quebrou, será difícil sair do lugar, quando tudo passar. Vi entre milhares de vídeos circulando, um em que o narrador afirma que Chico Xavier dizia e ficava se lembrando diariamente, que na vida “tudo passa”. Tomara e creio nisto, que assim seja. Neste momento em que as igrejas fechadas silenciam, temos que recorrer à Fé e ao Nosso Deus, cada um com o seu. É retumbante a imagem do Papa Francisco rezando sozinho, o que nos permite perceber que ele tem muita ou nenhuma resposta, cabe a cada um de nós decidir o que achar. Aos pastores da era moderna, foi permitido reabrir sem aglomerar, portanto, somos senhores de nossa razão e devoção, dependendo exclusivamente de cada um de nós, dentro do nosso livre arbítrio, agirmos de forma humana e humanitária, seguindo nossos preceitos cristãos.
No mundo real, onde imperam a fraqueza e a ganância, vivemos tensos com medo de uma doença que nos assusta e que em Uberaba passou a ter rosto e nome. Nossas condolências às famílias enlutadas. Escolho Karine, a filha de um (Paulo), e meu primo Babula, o irmão do outro (Jorge), para receberem os nossos sentimentos fraternos e de resignação.
Neste mundo de Deus, conduzido por homens em sua maioria egocêntricos e vaidosos, as disputas políticas eleitorais sempre se sobressaem em detrimento do bem-estar da sociedade. Não preciso dizer que me assusto com Presidentes, Governadores e Prefeitos mundo afora, muito mais preocupados em aparecer para o rebanho, como salvadores das Pátrias, do que agir dentro de critérios técnicos. Refiro-me a critérios técnicos, não a comitês gestores de crise. Neste momento, comitê gestor de crise é o que mais tem, aliás, em alguns lugares, eles são vários, plurais. Não seria injusto dizer que temos tanto quanto, em profusão, comitês e lives. Hoje tem live para tudo, comitê gestor idem. O que não sei é se são eficientes e eficazes. Não quero ser injusto, mas vi poucas lives úteis e talvez, só talvez, tenha a mesma sensação para este excesso de comitês.
Ocorre que o barulho das mídias e redes sociais nos deixa confusos, tudo é lixo, esquerdalha, comunista, fascista, minions de todo gênero... e por aí segue, sem ao menos terem o cuidado de ir ao dicionário, ao Google e assemelhados ver a tradução e a fidelidade da fonte; ao mesmo tempo, a ansiedade e a sanidade começam a prosperar, já que estamos perdendo a saúde e o fôlego literalmente. O Mundo quebrou, terá que se reinventar e poucas pessoas têm coragem de enfrentar esta realidade. O Presidente Francês Macron fala em refundação da França. Creio que será uma necessidade geral, independente de cenários mais ou menos pessimistas, e dos vários chutes para o crescimento ou decrescimento do mundo. O mundo se foi, assim como Moraes Moreira e, pertinho da gente, o seu Durval. Aproveitaram a comoção da Covid-19 e partiram sem alarde para o outro prisma. Confesso continuar perplexo com tanto desencontro, tanta insensatez, que só me recordo do engenheiro brasileiro, residente na Suíça, que desenhou um lago de vitórias-régias para explicar a exponencialidade de contaminação do coronavírus – Ciência. Recomendo.
Caminhando para o fim deste artigo, deparo com o desencontro da reabertura do comércio de uma cidade imaginaria. Na minha fábula isto se daria no dia 13 de abril último. Não quero entrar no mérito do sim ou não, apesar de ser partidário do sim, dentro dos já ditos critérios técnicos (ciêêêência). Parece-me não existiram, ou se existiram, nos lembraram aqueles jogos de futebol, onde o empate atende aos dois em campo, e até uma eventual derrota de um atrapalha um terceiro que não está em campo naquele momento. Na minha fábula, aquele terceiro é o setor que gera riqueza, renda, emprego e até saúde. Lembrando que isto não é incompatível com proteger a saúde de todos, basta, repito, usar os tais critérios técnicos (recomendado por vários órgãos e organizações), um deles a testagem, o outro, leitos e respiradores. Mas neste caso, assim como no jogo de futebol, contratou errado, substituiu mal, errou a tática, esqueceu-se de comprar a maca, a culpa é sempre do juiz e de seus auxiliares e, convenhamos, eles erram mesmo, mesmo com o VAR. E lá naquela cidade, a turma do VAR demorou muito e prejudicou o terceiro, lembram? Enfim, foi uma fábula, isto não aconteceu aqui e em nem um outro lugar. Mas se você acha que sim, ainda tem as lives e os comitês gestores. Procure o seu! A todos desejamos uma boa Páscoa de renascimento, reflexão e reinvenção.
Karim Abud Mauad
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