A Luta Continua
Amanhecemos dia 18/04/2016 com a sensação de que nossos deputados cumpriram sua obrigação parlamentar. A votação da admissibilidade do “impeachment” era etapa vencida, com ampla maioria dos votos.
O Brasil se uniu para acompanhar a votação como nunca antes na história deste país, nem em final de Copa do Mundo, e o placar parecia lavar a alma de todos, inclusive do sofrível 7x1 para a Alemanha.
E, claro, o Brasil não estava todo a favor, pois, como ocorre até na Copa, tem a turma que torce pela Argentina, o Uruguai e por aí vai.
Foi um dia histórico, muito pelo resultado da votação e menos pelo espetáculo visto. Os atores se superaram e, se a Família fosse sempre o centro das atenções, talvez não estivéssemos nesta situação. Faltaram votos pelo Brasil!
Mas este não é o foco, o importante é que o medo do Poder e do poder econômico, emanado do governo Central, que manifestei no meu artigo anterior, não se concretizou e, se de fato houve, ..., não produziu efeitos indesejados.
Nossos atores locais cumpriram sua missão, não se ausentaram e nem se abstiveram, marcaram posição e, claro, sabem que em 2018 se encontrarão diante das pessoas que lhe confiaram o mandato e lá farão seu acerto de contas e votos. O registro se deve ao fato de não terem se escondido. Concordo com o grande escritor e cronista Nélson Rodrigues, que dizia que “toda unanimidade é burra”.
Fico feliz, mais ainda, com o deputado que mereceu o meu voto; ele foi um dos 367 que disseram SIM. O importante, agora, é voltarmos nossa atenção para o Senado, onde 81 senadores e o presidente do Supremo irão atuar na sequência desse Processo.
Devemos continuar vigilantes, pois o jogo só teve o primeiro tempo e ainda está no intervalo. Falta todo o segundo tempo e o jogo da volta. Não devemos nos dispersar e muito menos achar que as coisas estão resolvidas, pois não estão.
Temos que nos preparar para os próximos passos e mais ainda para o futuro.Vivemos um momento de turbulência política e, pior, uma gravíssima crise econômica, com efeitos devastadores para todos nós, sem exceção.
Poderia aqui neste espaço citar os dados do relatório do Banco Central, onde as pedaladas estão explicitadas em R$52 bilhões. Poderia falar de desemprego e a catástrofe numérica dos dados de março/2016.
Poderia, ainda mais, falar da inflação e da carestia alimentar causada pelos preços estratosféricos. Poderia, também, falar dos juros, da falta efetiva de crédito, do câmbio e, ainda, do acinte das tarifas bancárias, sejam os bancos públicos ou privados. Tudo isso é sentido por todos direta ou indiretamente, desde 2014.
Estou entre os que concordam com o relatório admitido pela CÂMARA e encerro pedindo aos senadores brasileiros que não esmoreçam e não atrasem o Processo. Afinal, quem sofre é povo brasileiro, vendo os eventuais avanços das últimas duas décadas, iniciadas com a estabilização da nossa moeda, sendo perdidos. Tempo é dinheiro.
Não queremos o mais do mesmo. A luta continua.
Karim Abud Mauad
karim.mauad@gmail.com