Abril chegou trazendo o mesmo dos últimos tempos, barulho surdo na relação entre os Poderes da República, a Covid-19 dizimando nossa gente mundo afora com requintes de crueldade aqui e acolá. Um país tão louco, perdido, descontrolado que um jornalista de outrora, senador de agora, numa prosa telefônica, foi do céu ao inferno ou do inferno ao céu, dependendo do referencial de quem está fazendo a análise. Dia destes ele estava incensado por um lado por pedir o impeachment de um membro do STF. Agora querem levá-lo ao Comitê de Ética do Senado por divulgar uma conversa com o Presidente, até outro dia elogiando o próprio parlamentar por ter feito o tal pedido. O assunto da vez era a CPI da Covid, e o áudio vazado parecia uma conversa de velhos e bons amigos. O desencontro foi se a publicidade era combinada ou não! Eu ando confuso com o Brasil destes tempos, onde o que parece ser não é. No mundo corporativo busca-se hoje mais que um chefe, um líder. Eu acredito que, na atual conjuntura, não temos nem um, nem outro, na condução da pátria. É tanto vai e tanto volta, é tanto dizer para não falar, ficando claro ser preciso, de fato, termos um condutor para o navio chamado Brasil. Salvo melhor juízo, não temos Timoneiro, ou pior, falta também o Timão. Neste ambiente, temos ausência de líderes e dos meios para uma governabilidade sustentável.
Em busca do tudo ou nada, vivemos em um país que não consegue chegar de fato ao 4G, 5G, Internet das Coisas, e que vê suas commodities oscilarem e seu decantado parque industrial se exaurir por falta desta inovação, por custos ociosos, que afundam nossa Competitividade e deixa passar a era do Conhecimento e da Informação de qualidade, tudo para manter o clima do nós contra nós.
O tempo passa, a onda vai do vermelho ao roxo, volta ao vermelho, sem nada se alterar; aliás, alteração visível só a contagem de vítimas pelo SARS-CoV-2, a vacina regrada e até escassa e o não retorno de muitos para a segunda dose.
O Auxílio Emergencial recomeçou menor em valor e volume, mas gerando incertezas e dificuldades para quem mais precisa. Vale monitorar.
A sociedade civil vai se organizando para minimizar a fome e suas previsões sombrias, e o Poder Público, no seu todo, se escusa por agir igual, mesmo em momentos de exceção. A merenda para todos em épocas normais chega só para alguns beneficiários de programas sociais quando vira cesta básica. E, pior, sem escola presencial, o ensino remoto continua gerando distorções, com o exemplo vindo do MEC. A saúde e a educação, ou a educação e saúde, precisavam urgentemente voltar ao pódio das prioridades nacionais, ladeadas pela economia criativa. A Nação agradeceria este cuidado e este acolhimento.
Aproveito para lembrar que temos um novo marco regulatório para o Saneamento, uma nova lei do Gás, algumas privatizações em curso e Uberaba merecia ser contemplada por estas e outras benesses, seja pelo governo federal, governo estadual, na busca pelas parcerias privadas em ações capitaneadas pelo nosso Executivo e sua sustentação empresarial. Nunca devemos esquecer que diligências devem ser feitas para atração de investimentos. Seguir normas e inspecionar os agentes ajudam a todos, sempre. Se assim não for, resta-nos lembrar de um grande amigo carioca recém-aposentado, que diz: “hoje nos resta aguardar e aguardente por dias melhores”. Finalizo solidarizando-me com a dor de quem perdeu entes queridos nesta pandemia interminável. Aguardando e Aguardente.
Karim Abud Mauad - karim.mauad@gmail.com