Estive nestes dias fazendo uma retrospectiva do ano de 2016, que ainda não acabou, podendo nos trazer algumas surpresas.
Claro, onde mais surpresas tivemos foi no campo político e econômico, mas também pautas importantes no esporte, na saúde, na educação, na segurança...
Não foi um ano fácil – aliás, eles de fato nunca o são –, a diferença está na ótica e na lente do olhar... Os fatos que mais chamaram minha atenção, no campo político, foram a troca de Presidente da República, as Eleições Municipais, com o mesmo do mesmo, e a caça aos políticos por atos de corrupção. Falando assim, parece pouco, mas todos sabemos o quão doloroso e difícil está sendo 2016.
Na seara econômica, continuamos com a economia real estagnada, com o desemprego em alta, com juros, câmbio e inflação, só agora no fim do ano permitindo um pequeno alívio e algum prenúncio de melhoras para o desejado 2018. Opa, não é falha na digitação, mas ainda teremos que atravessar um turbulento 2017! No Brasil atual, o quadro político tem atrapalhado muito a melhora econômica.
A aprovação necessária da PEC dos gastos, a difícil discussão da reforma previdenciária e o risco Odebrecht/Temer ainda não estão equacionados, dificultando a retomada dos investimentos produtivos por toda a instabilidade gerada. Sou um otimista nato e espero que apareçam boas surpresas, mas o cenário é desalentador. Precisamos de uma efetiva reforma política para 2018 e uma imediata diminuição da máquina pública nos três níveis de governo (município, estado e federação).
Caso contrário, a calamidade financeira se estenderá por todo o país, e não só RJ, RS e MG. No âmbito municipal, sabemos, sem precisar detalhar, que, para manter uma casa arrumada, temos que limpar, organizar e planejar diariamente. O Governo federal melhorou suas posições, mas, por tudo aqui falado, ainda longe do ideal.
Na saúde e na segurança, o caos está posto. Todos sentimos isso na pele. Essas áreas podem e devem melhorar com a carga tributária em vigor e deveríamos esperar das autoridades mais ação e menos omissão.
No esporte, além do bom exemplo das Olímpiadas, cuja festa encantou o mundo, tivemos essa grande comoção, advinda, infelizmente, com a queda do avião da Chapecoense. Esse evento nos permitiu ser humanos por um tempo novamente e me restrinjo ao exemplo da D. Ilaídes, mãe do goleiro Danilo, que morreu, viveu, morreu... ao longo da fatídica terça-feira, 29/11/2016, para que possamos entender o tamanho daquele drama. Que Deus, em sua infinita sabedoria, ampare a todos nós!
Olhando para nossa guerra civil disfarçada, que mata mais Brasil afora do que as tragédias humanitárias na Síria, nos países que sofrem atentados do EI, nos países de regimes de exceção, poderíamos permitir-nos tentar um projeto de reconstrução nacional pelo exemplo de solidariedade e desprendimento do povo colombiano. Que esta verdadeira Medellín nos guie enquanto povo.
Neste divagar de ideias, buscando ainda mais razões para esperança no ser humano, fui avaliar os trabalhos de conclusão de curso (TCC) do projeto social Encantos Dominicanos do CNSD e, lá, minha eterna paixão de professor foi amplamente amparada. Ainda me deparo com pessoas que não entendem que a educação e a cultura são de fato as forças transformadoras da sociedade, que o restante são programas casuísticos de subsídios muito mais eleitorais que de transformação. Ali encontrei forças para aguardar com fé o ano de 2017. Feliz Natal a todos!
Karim Abud Mauad
karim.mauad@gmail.com