O artigo hoje é um reencontro pós-morte, mas com muita emoção e saudade com o meu professor e amigo Décio Bragança, o Deção. Na década de 70, os corredores e salas de aula do Colégio Marista Diocesano guardaram recordações ímpares para os jovens daquela geração. Uma destas a figura singela do nosso Deção, o mestre do saber da Língua Portuguesa, trabalhando oxítonas e proparoxítonas de uma forma tão simples, que parecia fácil. Para ele, era; para nós, o fácil era tê-lo conosco, mestre muito além da sala de aula, o amigo de uma vida. Desde seu falecimento, em 09/12/2021, aos 71 anos, venho lendo textos, ouvindo programas de TV, gravações reprisadas de entrevistas, divulgadas nas redes sociais em homenagem a ele. Dois destes textos me emocionaram muit o do meu amigo e Companheiro de Rotary, jornalista Heitor Átila, para quem pedi para usar o título deste artigo, e do professor Orlando Coelho, para quem “mães e educadores não deveriam morrer nunca”. Concordo. Luto de 3 dias decretado. A saudade só aumenta. Falei do Marista, mas ele esteve nos seus mais de 50 anos de docência no Castelo Branco, Objetivo, Uniube, entre tantos, formando e educando pessoas.
O nosso Deção teve propostas espetaculares para deixar Uberaba e ir ministrar aulas no Cursinho do Objetivo em São Paulo; apesar do notório saber, achava-se matuto demais para deixar nossa cidade e ir para a Capital. Estávamos em 1978.
Saio das faculdades, recém-formado, vou trabalhar em Itabira, onde ele nasceu, tudo muito difícil, e quem me abre portas em sua terra natal? O Barbudo do Décio.
Retorno a Uberaba, viro professor da saudosa FCETM, e quem era nossa aluna na Economia? Sua esposa. Monografia de conclusão do curso rolando, deixo a banca por um minuto junto com meu ídolo professor, naquele momento um ansioso marido. O carinhoso Décio, radiante com o momento, ainda encontrou tempo para se lembrar de nossa trajetória de vida desde os bancos do colégio.
Este era o Décio, nosso encaminhador e orientador de vida, muito além da língua pátria.
Nos momentos que vivi e aqui narrei, as marcas ficam e o cuidado com as palavras também, pois ele não era matuto. A forma de lidar com o pai e a importância do tomate, tema da monografia, vão pontilhando minha mente. O que isto tem de importância de fato? A figura marcante do grande educador. Ficamos mais pobres, perdemos um ser humano diferente e diferenciado, inteligente e simples.
Deixa-nos, tomado por uma doença terrível, que não o impediu de produzir o último livro, lançado neste segundo semestre, “Encontros eternos: Diálogo possível entre Deus e os homens”. Deus está desfrutando deste momento agora.
Ao escrever, emotivo, percebo que as palavras teimam em engasgar, talvez pela sensação de vazio e da vontade de buscar um pouquinho de cada fala ou escrito, para resumir o que foi o nosso Décio Bragança da Silva. Estamos vivendo anos tormentosos, que nos deveriam fazer mais humanos. Um sonho, difícil realidade. O Deção era este humano do imaginário. Ele nos ensinou não só o Português, ou História, ele nos encaminhou para a vida.
Encerro lembrando que outras pessoas do nosso convívio estreito nos deixaram neste dezembro. Francisco e Rosa, para ficar nos amigos de família, e recordando o que sempre comentava com Antônio Ronaldo, em velórios por aí, ainda estamos vivos. Por este fato, o tom será de fraterno abraço e um Feliz Natal em Cristo para todos. Vamos transformar choro em esperança. Tinha este compromisso com o querido Décio. Paz para todos! CRÊDÊLÊVÊ.
Karim Abud Mauad
karim.mauad@gmail.com