ARTICULISTAS

Do céu ao inferno

Karim Abud Mauad
karim.mauad@gmail.com
Publicado em 23/08/2023 às 18:27
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A todo momento somos surpreendidos por fatos muito fora de qualquer contexto minimamente lógico.

A irracionalidade tem tomado conta de muita gente.

A situação caminha do lógico para o ilógico de forma célere, e a enxurrada de notícias no campo da política, da economia, da educação, da saúde, da cultura, para citar alguns, vai de um extremo ao outro muito rápido.

Em vários artigos já abordamos estas ambiguidades dos governos, entra governo e sai governo, em todas as esferas de poder. E sempre procuramos neste espaço buscar refletir e tentar achar propósito e esperança para os cidadãos deste imenso país. Ora de maneira assertiva, muitas vezes de maneira reflexiva, evitando contundências para não contaminar as análises.

Sem querer ser o dono da verdade, apenas das minhas verdades, busco expor mazelas que existem em todos os campos e atores das atividades políticas, muito com o intuito de diminuir pontos de atrito e alinhavar pontos de concordância e similaridades, buscando evolução em sua forma plena.

Recentemente, escrevi para um outro veículo, este de Uberlândia, um artigo com a visão de um não residente, sobre os 135 anos que a vizinha cidade celebra no próximo 31/08/2023.

A linha foi a mesma, reconhecendo concordâncias e divergências, celebrando de fato as pessoas com as quais convivemos lá. O exemplo sempre, em qualquer situação, é aprender com os acertos alheios e evitar seus erros.

O caso serve para ilustrar que podemos ter visões opostas dos acontecimentos, pensar de forma diferente e divergir no campo das ideias e ainda preservar as pessoas. Este é o caminho, tão pouco explorado nos tempos atuais.

A vida sempre nos permite optar e escolher trajetórias. O que vejo são pessoas escolhendo para si e não aceitando as escolhas alheias e, ainda, vejo pessoas com uma postura quando no convívio pessoal e se transformando em outra nas mídias eletrônicas. Quando eu jogava bola, tive treinadores que falavam sempre dos leões de treino e dos gatinhos nos jogos. Era uma forma simples de separar quem se destacava em treinos, normalmente só visto pelos outros jogadores, daqueles que na hora do jogo, com outras pessoas assistindo, tremiam e não rendiam o esperado.

Hoje temos os leões das redes sociais, que falam o que querem e muitas vezes não devem, e na hora que encontram essas pessoas tornam-se gatinhos, de tão mansos. Tomam leite no pires do outro. É lamentável. Creio que o nosso leitor conhece gente assim, ou não?

As maiores vítimas, os políticos com mandatos. Não apenas eles.

Isto vem ocorrendo nas empresas, nas entidades sociais e classistas, nos conselhos, nas famílias e sempre com danos irreparáveis de reputação e imagem, principalmente para quem propaga e alimenta a discórdia.

“A vida como ela é...”, antologia organizada por Nelson Rodrigues, brindando-nos com histórias da vida real. Um clássico dos anos 60 e tão atual. Recomendo a leitura ou releitura deste renomado dramaturgo e cronista. Oportunidade para ir do céu ao inferno e vice-versa.

Fico por aqui, mas os exemplos são muitos em todos os campos. E lamento apenas a falta conceitual e prática de coerência e postura ética. “Tempo, Tempo, Tempo/Vou te fazer um pedido...”, já celebrava Caetano Veloso em sua “Oração ao Tempo”.

Dai-nos paz, saúde e sabedoria para passar por esta etapa tão mesquinha, pequena e rasa. Pode ser?

Karim Abud Mauad
karim.mauad@gmail.com

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