Etapas e Momentos, Momentos e Etapas

Nestes últimos dias, especificamente neste fim de semana, estamos experimentando uma série de acontecimentos inéditos ou pouco prováveis de se imaginar em tempos tão recentes.

Todos com sabores e ingredientes os mais variados possíveis, gerando indignação e comoção em proporções extremas na população. Vivemos dias de grande tristeza para nossa dignidade de nação.

Espetáculo sim, Espetáculo também cada um de nós vai firmando convicções sobre o certo e o errado. Os já mais vividos, como eu, e os mais vividos ainda, em sua grande maioria se surpreendem com a capacidade incoerente de uns, e os mais jovens se deparam com o escárnio de outros gerando o limbo que pode nos fazer perder uma geração inteira de brasileiros. Que país é esse? – já questionava o Legião Urbana, nos anos 80.

No momento em que políticos usam as brechas da lei para se adaptarem aos partidos de plantão, visando as eleições de outubro/2018, fica a sensação do mesmo de sempre. Etapa repetida.

No momento em que nossas instituições se esmeram em tentar manter a ordem, temos um país dividido e cada vez mais acirrado entre nós e eles. Etapa já aqui citada e, portanto, repetida.

No momento em que erros justificam acertos e acertos justificam erros, cada vez mais empurramos uma nova geração de brasileiros para o fosso. Etapa aterrorizante que mitiga nosso futuro.

No momento em que as redes sociais estão povoadas de eruditos de almanaque e salvadores da consciência nacional, com ódio estampado à esquerda e à direita, fica clara a necessidade de escolas com ensino de melhor qualidade e ações de efetiva cultura para todos. Etapa que nos obriga a reflexões permanentes.

No momento em que escrevo essas palavras, vivo um dia de grande tristeza pessoal. Sou de uma geração em que os tios e tias, irmãos dos nossos pais, podiam nos dar carinho, mas podiam também nos educar. Perdi minha querida tia Elza Mattar Mauad (ótima filha, irmã, esposa, mãe, cunhada, tia, avó e amiga generosa) e busco forças para escrever este artigo, onde dentro de mim a realidade nacional fica sem a menor importância, face à minha tristeza pessoal.

Etapa reconhecida de verdadeira dor, mas de serena aceitação. Descanse em paz, tia querida, você fez a sua parte. Mais Elzas no mundo e teríamos, com certeza, uma relação diferente entre os humanos. A Paz seria algo concreto, e não utópico.

No mesmo momento da minha tristeza, vivemos a expectativa da volta do time do coração da cidade, o glorioso Uberaba Sport Club, já entre os quatro (4) melhores classificados, que disputam as duas vagas do acesso à elite do futebol mineiro para 2019, em reação surpreendente com arrancada final. Etapa de algum alívio coletivo, onde o povo pode, enfim, descarregar as frustrações e tensões do dia a dia, para desespero de contrários e “intelectualoides” de plantão.

Vivo o hoje e creio que muitos vivem esses momentos de dualidade de sentimentos, entre o cidadão que acredita no bem, mas percebe o avanço do mal, equilibrando sentimentos e sensações pessoais tão difusos. Que a estação outono e os nossos outonos nos tragam a verdadeira paz e a lucidez. Vamos seguindo em frente. Boa semana a todos.

(*) Karim Abud Mauad 

karim.mauad@gmail.com