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Fica a Pergunta

Karim Abud Mauad
Publicado em 10/06/2020 às 06:51Atualizado em 18/12/2022 às 06:55
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Junho chega, de forma diferente dos outros anos. Em anos normais, já estaríamos fechando o primeiro semestre, avaliando a tendência do ano e também de forma romântica, cada um a seu modo, organizando o Dia dos Namorados. Este 2020 foi e está sendo diferente; a pandemia fez tudo perder o sentido, parece que o tempo não passa e silenciosamente o semestre já foi. Narrativas sobre polarizações esdrúxulas e desnecessárias, à parte, e o ano ainda não tem sequer Campeão Estadual de Futebol. A economia real desce a ladeira mundo afora, as festas, exposições de todos os matizes, eventos culturais vão sendo desmarcados, adiados, cancelados e vamos todos perdendo a referência do tempo. 2020 insiste não existir em nenhum normal. Nesta pegada, temos drive-in de circo e shopping para colocar no cardápio, creio que merece ser avaliado. Nesta seara de incertezas, quase certo que as eleições serão postergadas, mas para 2020 ainda. Fica a pergunta: qual 2020?

Neste mar de dúvidas vamos convivendo com situações estranhas e diferentes aqui, 30 (trinta) dias de angústias do abre e fecha para o comércio e ainda se comemora liminar como vitória. Fica a pergunta: quem ganhou?

Estarrecida, a cidade passou por um dissabor policial. Para muitos, uma situação grave, para outros, uma situação menor. No mesmo momento e em outro lugar, um deputado de fora foi condenado e querem comparar com a situação local. Pior, o delito lá é sem igual, os delitos daqui, nada graves. Isto se depreende pelas repercussões na mídia e nas redes sociais. Em resumo, o fato da terrinha é irrelevante, e o evento externo tende a ser único e estarrecedor. Fica a pergunta: qual choro vale?

Na mesma linha, a renovação pedida pelos manifestantes nas ruas em 2013, e neste momento retornando, ainda sem rosto claro, mas com foco único. A democracia para uns é baderna para outros. Engraçado nesta situação é que esta baderna de outrora foi importante para os que hoje estão no poder central. Claro que liberdade não deve ser confundida com libertinagem. Arruaceiro que só depreda não merece espaço; mas quem luta por bandeiras legítimas sim. Fica a pergunta: qual o valor da Democracia e da Liberdade de Expressão?

Num pais heterogêneo, miscigenado, ou melhor, neste mundo de tantas raças distintas, nos anos 20(vinte) do Século XXI, termos que nos unir contra abusos pela cor da pele, é lastimável. Nesta terra de tantas figuras negras importantes, coexistir com racismo disfarçado de legado social, é de envergonhar. Fica a pergunta: qual a efetiva diferença entre as raças?

Perguntas difíceis de responder, ou pior, perguntas que não deveriam existir, pois um povo harmônico, civilizado, fraterno, ético e educado nunca as faria, ou deixaria acontecer. A sociedade anda falhando tanto em seus conceitos, preceitos e ensinamentos, que um vírus virou tudo de ponta-cabeça, nos deixando cientes de nossas fragilidades. E olha que tem gente falando asneiras e mais asneiras, achando ser paladino da verdade, dos costumes e da moral. Qual nação, povo, líder, presidente não se quedou à Covid-19? Até os negacionistas. Não existe malabarismo numérico que dê jeito. A nós resta rezar para a descoberta científica de uma vacina, para salvar o Natal... ao menos de 2021. Ficam a reflexão e a pergunta: qual povo sairá desta pandemia?

Karim Abud Mauad

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