Estes últimos dias me surpreendi pensando na abertura do impeachment contra a "Presidenta" Dilma, e tentando perceber o que de fato ou melhor, quem de fato teve e tem interesse nesse procedimento.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, inicialmente parece o maior interessado e as razões vão desde desvio de foco até a tentativa de salvação do próprio mandato. Quando lembrei que ele negou provimento a outros 31 pedidos, busquei outras alternativas.
Tentei ver na oposição, o interesse maior nesse jogo, pois a queda da Dilma, e uma eventual saída de Temer, poderia desencadear um novo processo eleitoral. Isto me pareceu devaneio e cinematográfico demais! Não a percebi como a maior interessada, pois desnudar as agruras do governo já atende sua vontade.
Não é claro o lugar e o posicionamento do Procurador Geral da República e menos ainda do Supremo Tribunal Federal. Pelo que li e ouvi, eles parecem aguardar as cenas dos próximos capítulos, preservando apenas o roteiro do ocorrido na era Collor.
Ao povo brasileiro, dividido desde 2014, não me pareceu ainda ter alcançado o papel principal e isso apenas ocorrerá se de fato as manifestações nas mídias sociais e nas ruas desabrocharem de forma contundente. Precisamos monitorar. O recente episódio da manutenção da prisão do senador Delcídio Amaral, deixa clara a importância das manifestações populares nestes processos.
À classe produtiva, empresarial, responsável pelo PIB, bem como suas entidades classistas representativas, e o mesmo se aplica aos sindicatos e centrais laborais, Brasil afora, não pode ser debitado este momento de tensão na vida política nacional.
Analisando diretamente o jogo do poder, vislumbra-se um claro distanciamento entre o PT e o governo, entre Lula e Dilma, mesmo que o jogo de cena tente demonstrar o contrário. O presidente Rui Falcão, do PT, parece agir claramente para separar as coisas, talvez olhando 2018, e a necessidade de um novo modelo de atuação petista. Será que é isto? O PT é o grande interessado neste processo? Estas dúvidas, creio, serão desvendadas nos próximos 90 dias.
Não mencionei o papel do PMDB e o início da debandada dos seus ministros, pois o PMDB é hoje, foi no passado e será no futuro, sempre governo.
A reflexão principal é tentar entender o interesse maior deste processo deflagrado neste início de dezembro. Vamos aguardar o desenrolar dos fatos no Congresso Nacional.
Finalizo esperando que este processo seja rápido, independente do resultado, pois para nossa Economia o pior cenário é a incerteza e a queda de braços entre congresso e governo, que paralisa o BRASIL.
É a primeira vez que dois erros podem fazer um acerto, mas não é a primeira vez que Cria e Criador se desentendem. Traição em sucessão, infelizmente é mais regra, que exceção.