Junho chega mais frio e, ao mesmo tempo, festivo; tempo das danças de salão, que, segundo Câmara Cascudo, foi “a grande dança palaciana do século XIX”. Estamos, claro, nos referindo à Quadrilha. Esta uma manifestação cultural mantida tradicionalmente, inclusive nas escolas. Mesmo inventada na Inglaterra e popularizada na França e logo levada às cortes, aqui ela se popularizou e, inclusive, se dança com os casais vestidos de caipira. Uma tradição passada de geração em geração.
Junho chega com o Brasil ainda mais dividido entre dois polos políticos e nesta toada se misturam marchas, movimentos e eventos. O povo, de fato, está alheio a várias destas situações, mas as lideranças avançam e alimentam esta dicotomia. Todos se entorpecem com seus políticos de estimação e ficam cegos, vendo apenas erros de um e acertos de outro, e vice-versa; quando de fato a sucessão de erros é maior em ambos, e os poucos acertos se perdem em defesas e posturas bizarras do outro lado.
Junho chega e tem que se intensificar o uso de vacinas, seja para a gripe, seja para a poliomielite, pois a discussão sobre a vacina da Covid-19 fez despencar a cobertura vacinal em todos, independentemente da faixa etária ou classe social. Enquanto uns fraudam o cartão, outros se recusam a vacinar para mostrar valentia e até uma pseudolealdade aos pontos de vista que dizem defender, alimentados por Fake News que interessam não se sabe a quem. Ou se sabe?
Junho chega e se levantam opiniões a respeito de tudo e de todos, por todos os cantos e lugares, e nós ficamos no meio de situações que lembram a Sabinada, movimento de revolta que tentava formar uma república, mas sem se separar do Brasil e isto tudo na Bahia; região também da Baía de Todos-os-Santos, assim nominada a maior reentrância da costa litorânea brasileira e uma das maiores do mundo. Hoje nem Sabinos e nem Santos são os mesmos, seja pela linhagem do médico, seja pelos andores de barro dos santos...
Junho chega e com ele metade do ano se encerra e parece que o tempo passou rápido e já estamos cansados de tanta bobagem acumulada, de tanto sofrimento, de tanta esperança ainda não contemplada e de uma exagerada torcida contra tudo e todos; 2024 poderá trazer esta expectativa perdida? 2024 poderá nos aliviar das tensões pelo país e pelo mundo? Ou ainda poderemos ter esperança de que o segundo semestre de 2023 reverta o quadro e ainda tenhamos boas-novas para todos?
Junho chega, mas parece que o Natal já se faz presente, pois sofremos pelo Criador e precisamos da ilusão da passagem de ano. Junho chega e que seja um mês bom. O povo precisa de educação, saúde, emprego digno, segurança e parece que não está fácil. Falo de dados reais, não sub ou falsos dados.
Junho chega e parece que a carestia ronda o pão escasso e o circo perdeu a lona, desnudando as agruras humanas.
Junho chega, será que basta?
Karim Abud Mauad
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