Os últimos dias no país revelaram uma face muito estranha do poder e esta face não estava no Parlamento, muito menos no Executivo Federal. A partir do lançamento do livro do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, com o título “Nada menos que tudo”, aspectos sombrios de casos recentes que assombraram o Brasil vieram à tona. O que monopoliza o noticiário consta no livro, mas o nome do ministro Gilmar Mendes, do STF, que ele, Janot, diz ter entrado armado no Supremo para matar e em ato contínuo se suicidar, foi revelado em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”. Pronto, o noticiário da grande imprensa, as mídias sociais e os bastidores de Brasília ferveram. Reações e mais reações, ações imediatas do ministro do STF, Alexandre de Moraes, autorizando a Polícia Federal a buscar a arma, tirar o porte e, de quebra, apreender celular e microcomputador em endereço do ex-procurador, deixaram a nação em polvorosa.
Claro, como sempre acontece, o país se divide, as torcidas afloram, os “memes” florescem e o país fica sem saber como de fato se portar diante de tanta banalidade, de tanta impropriedade, de tanta vaidade e até incompetência instalada nos altos cargos dos Poderes. Conversando, lendo, ouvindo, falando, já recebi diversas explicações para o fato, a saber: – desde jogada editorial de marketing, passando por armadilha para o próprio STF, fechando com arrependimento por não ter alguém para soltá-lo se o suicídio não se consumasse; esta, junto com o Setembro Amarelo, a ironia mais descabida. Enfim, alinho-me entre os que ficaram perplexos, achando desanimador mais um episódio que só entenderemos – se é que de fato possamos um dia entender, como outros que já foram tão escabrosos quanto, para ficar no período de 2014 para cá – quando e se o Brasil futuramente achar seu eixo. Hoje, esta sequência de episódios apenas retrata o quanto estamos acéfalos de representantes competentes e equilibrados para nos conduzir, nos guiar para um projeto efetivo e um porto seguro. A cada revelação desse tipo, mais distante ficamos de um Projeto de Nação, para nos submetermos a Projetos Pessoais e ou Corporativos de Poder.
Pobre da população brasileira, tão carente de lideranças e modelos para se espelhar e que ainda se ilude com santos, milagreiros e todos os poderosos de plantão, encastelados em nichos e buscando poder pelo poder, poder minúsculo e diminuto. Lamentável!
Assistimos estupefatos àqueles que deveriam zelar pelos atos do Executivo e do Legislativo se digladiarem como os despreparados e desafortunados que juram defender. Cruel!
Pior, o Executivo e o Legislativo, em qualquer esfera, seja no município, no Estado e na Federação, mesmo com as imperfeições do sistema eleitoral, podem ser trocados a cada quatro (4) anos; o Judiciário e o MP têm outras prerrogativas, que não o voto popular. O que se espera DESTE EPISÓDIO? Aperfeiçoamentos e melhorias nos critérios dos concursos e nas escolhas via listas. O quadro atual é Estarrecedor!
Finalizo com a esperança de que melhores ações destes (MP e Judiciário) possam ocorrer na base, no município em que atuam, pois a ideia de desrespeitar e aviltar a Lei não pode ser dada por quem investiga e julga. O Brasil podia ter passado sem esta, sem este vale tudo, que não vale nada.