De tempos em tempos, nos deparamos com uma série de notícias mundo afora, que nos remetem a pensamentos os mais diferentes possíveis
O rei está nu
De tempos em tempos, nos deparamos com uma série de notícias mundo afora, que nos remetem a pensamentos os mais diferentes possíveis. Normalmente, elas demonstram a incoerência da vida humana ou do próprio ser humano. As atrocidades cometidas com e contra os refugiados sírios buscando a Europa é talvez uma das maiores afrontas ao sentido da vida, nesta segunda década do Século XXI. O estranho é que atentados como o do 11/09/2001, no USA, e mais recentemente, o do início do ano, na França, nos entristecem sobremaneira e nos remetem aos horrores das duas guerras mundiais do Século passado. O estranho é parecer que não aprendemos nada com essas tragédias.
A recente visita do Papa Francisco por Cuba e USA, demonstram isto claramente, e ações políticas à parte na reaproximação dos dois países, e cobranças por um mundo melhor no Parlamento Americano e na ONU, são importantes. Fundamentais foram suas lembranças de que a América é o continente das oportunidades, que a grande maioria de seus habitantes foi migrante um dia, inclusive sua família e, finalmente, suas orações no Marco Zero, com líderes de várias religiões, deixa claro que essas intolerâncias não se justificam a pretexto algum. Engraçado como pode ser tão amado um Papa simples e com convicções tão firmes, um exemplo para o seu próprio rebanho e sua própria Igreja.
Um Papa sem as vaidades comuns aos homens, que conforme o conto de Hans C. Andersen, nos faz refletir sobre esta excessiva vaidade aqui e acolá.
Vivemos neste momento os ruídos, zumbidos, algazarras excessivas dos nossos representantes maiores e dos séquitos que os seguem demonstrando ou encobrindo realidades que teimam em saltar aos olhos de todos. A dificuldade de aceitar e entender o outro, de cometer injustiças, fazem-nos lembrar sempre, que a vida é simples e que a vaidade humana cega, fazendo os lobos em peles de cordeiro agirem e sua ação parecer falsamente verdadeira e leal. Nestes momentos devemos refletir, separar o joio do trigo, e buscar seguir as ações coerentes do nosso aprendizado pessoal, familiar; buscar os reais valores na nossa essência.
Hoje, infelizmente, o que vemos são bons ensinamentos e exemplos, convicções e formações serem trocadas por míseros dízimos no final do mês. O ser humano está se deixando levar pelo falso consumo, e tentando transferir para o outro suas dificuldades. Falta espelho, ou falta se ver naquilo que é imputado ao outro. Falta ser justo e humano.
Assim, prezados leitores, vamos caminhando para um mundo mais desigual, mas lembrando que o correto é darmos os nossos exemplos, começarmos pelos nossos vizinhos, quarteirão, bairro, cidade e, assim, sucessivamente.
Enfim, temos que tomar cuidado, evitando o que a vaidade do rei, de seus seguidores e a esperteza do alfaiate ao fazer uma vestimenta para o rei, que só os “inteligentes” viam, não seja desmascarada pela sinceridade de uma criança, que durante a aparição do rei em público bradou - O rei está nu, fazendo-o refugiar-se envergonhado em seu castelo. A pergunta é sábia e serve a todos, indistintamente: O REI ESTÁ NU?
Karim Abud Mauad
karim.mauad@gmail.com