A vida passa cada vez mais com a sensação de que voa, anda rápido demais para nossas incompreensões humanas. Ficamos, invariavelmente, o tempo todo correndo atrás de tudo, de estudo, trabalho, obrigações pecuniárias e até, nem sempre prioritariamente, de cuidar da família e de nós mesmos. Todo dia é um vai para lá, vem para cá. Sem perceber, quando nos damos conta, o tempo passou, sem percebermos rapidamente, como sempre. Na minha época de criança, ainda vi alguns relógios com o pêndulo indo e voltando, o que dava a falsa sensação de que o tempo ia e voltava, mas, infelizmente, ele só ia, vai e não volta. Nos tempos atuais, com relógios digitais, o tempo só vai, de fato, e, ainda assim, não aprendemos a prestar atenção e a cuidar das coisas que realmente têm importância, que têm valor, e perdemos tempo precioso demais com as coisas que apenas custam e não têm importância. Várias vezes, me percebo cuidando de situações irrelevantes com uma preocupação desproporcional, numa verdadeira escala de prioridade real, e, do mesmo modo, deixo passar oportunidades ímpares, de dedicar tempo às situações valiosas e vitais da nossa existência. Conhece alguém assim?
Se fôssemos exemplificar esses momentos, com certeza pontuaríamos as pessoas queridas que nunca conseguimos tempo para visitar, trocar palavras e realimentar nosso ser e nossa alma; a todo momento, encontro pessoas que gostariam de ter tempo para dedicar aos seus, para poder cuidar da alma, para voltar à sua essência e passar a dar importância ao que realmente é importante. Nessas horas, percebemos como a vida é breve.
Essas situações ocorrem sempre em momentos trágicos; assim, nestes últimos 15 (quinze) dias, por 4 (quatro) momentos percebi isso ao me despedir do Zezinho do Grande Hotel, do Tonico Correa dos Pneus, dos engenheiros Antonio Peixoto e Vicente Marino. Muito duro sentir essa sensação de perda definitiva para familiares, amigos e conhecidos. O tempo se esvai diante de nossa impotência.
Todos sabemos que a vida é assim e, mesmo com essa certeza, independente de formação ou crença, nunca estamos preparados para esses momentos, sempre restando a dor da perda e o sentimento de que poderíamos ter convivido mais, conversado mais, visitado e absorvido mais dessas pessoas especialmente queridas. A vida segue seu curso e buscamos subterfúgios para nos consolar.
Invariavelmente, saímos dali com o compromisso de que mudaremos os hábitos e buscaremos com mais afinco esses bons momentos; raras vezes conseguimos e, normalmente, retornamos à nossa rotina de priorizar o que não é prioridade. Fica o alerta do tempo sempre.
Neste momento tão importante para a vida de todos e de cada um, preste atenção e gaste tempo com o que realmente vale a pena, pois as perdas citadas nos mostram a dificuldade de reposição de pessoas tão brilhantes nas nossas vidas. Na despedida dessas pessoas queridas, restou clara a certeza de que a nossa vida, nossa cidade, ficou mais pobre. Que pena não conseguirmos domar o tempo.
Assim vamos vivendo... Um dia de cada vez.