Partida não sendo jogo, é saída, ato de partir.
Como é difícil lidar com a(s) partida(s), mas uma é sempre a mais dura e triste delas. A morte nos corrói a alma por mais preparados que estejamos. Ela caminha par e passo conosco e mesmo assim não nos preparamos para lidar com ela, mesmo que expressemos este sentimento.
O gostar, o querer estar junto de quem amamos, dificulta todo este processo. E traz consigo uma tristeza profunda.
Já dizia Adoniran Barbosa em “bom dia tristeza. Que tarde, tristeza. Você veio hoje me ver...”. E emendava que a tristeza é um bichinho que para roer tá sozinho. E como rói a bandida. Parece rato em queijo parmesão.
Gilberto Gil fala não do medo da morte, mas do medo de morrer. Afinal, neste ato, você tem que estar de corpo presente.
Minha amiga e articulista Vera Dias trata o tema com emoção e sabedoria.
Estes dias, no artigo Reminiscências, tratei de lembranças e saudades; hoje, trato das despedidas.
Sempre as despedidas e os trancos que a vida dá. E não aprendemos, afinal nos julgamos imortais.
E quando vemos aqueles que amamos se esvaindo aos nossos olhos, percebemos quão frágeis somos.
Quebramos ossos quando caímos, destruímos corações quando partimos e... Partimos.
Meu pai partiu quando eu era novo e recém-formado, já são mais de 38 anos. Experimentei sentimentos lá, revividos novamente nesta partida.
E desde aquele dia nos fortalecemos para passar pela vida. Em uma família nem todos conseguem e, às vezes, partem juntos, mesmo que aqui permaneçam.
O diplomata Henry Kissinger morreu aos 100 anos e deixará um legado para o mundo, mesmo com controvérsias. Falo aqui daqueles que se vão e deixam um legado para o nosso mundo particular. Falo de família. Falo de exemplos. Falo daqueles que daqui fizeram nosso mundo melhor. Falo daqueles que fizeram nossa vida ter sentido. E olha que não é fácil.
Mais recente, perdemos o Professor José Tomaz. Partidas.
Falo de quem falo. Falo para quem falo. Falo diante do espelho, olhando para o futuro.
E hoje me despeço oficialmente de alguém muito importante em nossas vidas... Falo de Carlos Nicodemos Pinheiro de Lima, que partiu tranquilo, sereno, em paz. Vida plena.
Um homem bom, 100% do bem. Um homem que, de fato, seguiu os ensinamentos de Cristo na Bíblia; o que uma mão fez a outra não viu. A família ficou sabendo de alguns desses atos na Partida.
Deixa viúva Stela, filhos Flávia, Renata e Carlos Otávio, genros, nora, netos... e deixa legados e exemplos.
Na cerimônia de despedida na Maçonaria, antes da cremação, palavras lindas ditas em alto e bom som, falando em presença e elos partidos e recompostos. Encerro lembrando de um pedido e que na despedida ficou claro, um ser humano que jamais será esquecido. Partida. E um simples até breve.
Karim Abud Mauad
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