Tem tempo que venho aqui neste espaço alertando para a barbárie das redes sociais, indistintamente.
Nestas últimas semanas, com os episódios no Rio Grande do Sul (RS), a situação fugiu do controle.
Nos primeiros 15 dias, já não bastasse todo o sacrifício da população gaúcha, e os militantes de A e B se digladiavam, sem dó ou piedade do sofrimento alheio. A natureza cobrando seu espaço e os seres ditos humanos disputando eleição.
Privilégio nenhum, pois os detentores de cargo entraram na onda e, pior, os responsáveis pelos Executivos Federal, Estadual e Municipais se fartaram de meter os pés pelas mãos. De fato, uma vergonha, bordão utilizado em vídeos até pelo seu criador, o jornalista Boris Casoy.
A relevância dentro da tristeza está sendo a solidariedade do povo brasileiro, com doações diversas em gêneros e artigos de toda necessidade, inclusive financeira. Uberaba, como sempre, foi e continua sendo exemplo. Parabéns a todos os envolvidos na organização e doação. Os Clubes de Serviço e as Entidades de Classe se superaram. Creio que chegou o momento de respirar, apesar de as chuvas ainda continuarem por lá, e agir de forma planejada nesta reconstrução, pois haverá necessidade de geração de atividades in loco.
E tanto quanto aplicar de forma nacional o famoso Plano Marshall (na origem foi uma ajuda dos Estados Unidos para reconstruir a Europa, após o final da Segunda Guerra Mundial), temos de fato que utilizar os melhores recursos, projetos e serviços, notadamente de Engenharia, disponíveis e evitar desperdícios e desvios de recursos de qualquer natureza. Isto se aplica a todos, pois as notícias vindas da região não atingem nenhuma classe social e ou política, dizem respeito a todos.
Dados do Sebrae alertam para os desastres que atingem micro e pequenas empresas. Dados da Fiergs demonstram as dificuldades das médias e grandes empresas. O Aeroporto Salgado Filho, praticamente fora de uso em 2024, e sua substituição por bases militares, tudo isso, serão fatores a serem vencidos.
O uso correto de ferramentas para que não se reconstruam algumas cidades onde elas estavam e de casas em locais inadequados. Enfim, o que temos recebido de informações da calamidade que atingiu o RS necessitará de decisões técnicas, e não apenas politiqueiras. Precisamos da Política com “P” maiúsculo, inclusive com o uso adequado das emendas emergenciais liberadas.
Os quase 200 mortos e os desaparecidos na catástrofe, os sobreviventes, a população brasileira que ajudou, merecem respeito e consideração. O uso adequado dos nossos tributos/impostos/linhas de crédito, independentemente do título, que ainda serão usados nesta reconstrução precisa de fato ser aplicado com coerência, lisura, transparência e utilizadas as melhores soluções de Engenharia que a situação exige. Devemos todos ficar alertas com o que está ocorrendo, já que o despreparo dos que decidem ficou latente.
Aos demais executivos, das cidades e estados brasileiros, vale verificar a situação em que se encontram nossos municípios, bairros, rios... É melhor prevenir do que remediar. É melhor planejar do que alegar desconhecimento.
O fenômeno ocorreu na Bahia, em São Paulo, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, para ficar nos mais recentes e um pouco mais remotos na década, para que todos não aleguem desconhecimento e surpresa.
A boa Política, a política feita dentro da técnica, também dá voto. Fica a dica.
Karim Abud Mauad
karim.mauad@gmail.com