Ontem, 15/10, foi comemorado o Dia do Professor. Para a maioria destes, só o feriado e alguns cumprimentos foram o que ficou da data. Os professores estão distribuídos em toda a etapa da educação de uma pessoa, desde os primeiros passos, do Maternal ao Superior, passando pelo Básico, Médio, Superior, Pós e por aí vai. O professor trabalha na rede pública e ou na rede privada em todas essas etapas. E, assim como o médico, invariavelmente, em mais de um lugar ou para mais de um empregador; claro, sem perceber qualquer ganho similar àquele profissional, que ele inclusive ajudou a formar, lecionando. Ironia e ou distorção de um país que não cuida dos profissionais do ensino. Em tempo, tanto o professor quanto o médico reclamam dos salários e creio com razão.
Sou da época em que ser professor era vocação, tempos remotos que não voltam mais. Hoje, uma profissão à beira de um colapso. Falta tudo, falta condição mínima ao docente para ministrar uma aula, faltam respeito e compreensão dos alunos, pais e responsáveis pelo trabalho nobre do ensinar, falta também postura a muitos que se dizem professores, pelos relatos a que somos submetidos dia a dia via imprensa e rede social. Falta o país definir que Educação é Prioridade de Governo e, a partir daí, mergulharmos de fato no que devemos fazer para que estas prioridades sejam sentidas por todos, com resultados mensuráveis quantitativa e qualitativamente. Temos que deixar de fabricar certificados e fabricar saber. Só assim sobressairá a importância do Professor. Não devemos esquecer que, pelo tempo junto aos alunos e pela correria das famílias, o Professor acaba sendo referência e ajudando a formar os cidadãos da nação, não só sendo os responsáveis por transferir conhecimento/matéria. Já paramos para pensar nisto?
Circulou na internet que o único profissional que não se curva ao Imperador no Japão é o professor, isto é falso obviamente, pois todos no Japão têm o hábito de se curvar e, claro, se curvam ao Imperador, professores inclusos; mas aquele país é um exemplo de como tratar melhor seus professores, inclusive no salário e aí o Brasil fica novamente mal no ranking, já que é um país que remunera de forma muito baixa seus professores. Na era do EAD, da quantidade exacerbada de cursos superiores, com uma pirâmide de gastos invertida, maior no Ensino Superior, ao invés da base. O governo central paga melhor e ainda assim temos remunerações inadequadas. Aliás, pagar pouco para Professor não é privilégio do município, estado, federação e setor privado; infelizmente, é regra. Este é um fator crucial para o estágio de nosso ensino na atualidade, não o único, mas um relevante para explicar o motivo de a Educação estar na UTI, assistida pelo SUS. O diagnóstico está pronto. O que fazer?
Importante ter vontade política para encararmos a situação de frente, para gastarmos melhor na base, voltando a ensinar Matemática e Português, de verdade. Temos que introduzir metodologias ativas nas escolas, levar nossos alunos a conhecerem tecnologias, inovações disruptivas e, claro, reciclar todos os nossos professores, visando sua chegada efetiva à Educação do século XXI. Voltando a introduzir Cultura nesta formação, recuperando o binômio EDUCAÇÃO-CULTURA, teremos condições de nos prepararmos efetivamente para os próximos 50 anos. Neste cenário e lembrando que deveres e direitos são para todos, talvez o Professor volte ao seu merecido e necessário lugar de destaque.
Finalizo parabenizando os Professores pelo seu dia. Lembrando a Sociedade que uma Escola com limitações é melhor que um Presídio de Segurança Máxima. Imaginem se tivermos ótimas escolas como regra, e não como exceção. Os políticos, os magistrados, os promotores foram formados pelos nossos professores, portanto, têm condição de ajudar mais na priorização da Educação e dos Educadores. Os valores destinados à Educação via fundo da Petrobras, com recursos recuperados na Lava Jato, devem ser bem empregados, bem fiscalizados. Os Professores agradecem. Que venham de fato motivos para comemorar a data.
Karim Abud Mauad
karim.mauad@gmail.com
