QUALIDADE DO SABER
Temos notado ultimamente um desencanto grande dos professores com a sala de aula. Vários são os motivos e claro com divergências, dependendo do nível escolar. Na área acadêmica invariavelmente o desencanto passa muito pela matéria prima recebida, com deficiências drásticas nas áreas de exatas e humanas.
Esse é um dos problemas, cuja raiz da ineficiência passa pela formação básica. Atuo como professor universitário, na rede privada, a mais de 25 anos, e vejo o problema se repetir e se agravar dia após dia.
Por vezes encontramos alunos bem intencionados, buscando no preparo superior a melhor oportunidade para sua vida profissional.
Não raro, também encontramos os que buscam apenas o diploma, o chamado “canudo”, e esses, via de regra, querem o registro da presença e nota. A falta de comprometimento é total. Este é o pior dos cenários, baixa formação e baixa importância com a qualidade do saber.
Pelo que vejo e leio do ensino público superior, a formação é melhor, mas a certeza da conclusão do curso no tempo adequado é uma incógnita, pois as tão conhecidas disciplinas “Fundamentos da Greve I e II”, dificultam a boa formação. Nada contra a greve, mas com o formato da greve, pois no final o prejudicado é o aluno, face ao fato de que a reposição de aula dificilmente ocorre de maneira a cumprir o conteúdo programático original. Deve ter exceção, mas desconheço.
Vejam que estou levando o assunto para o campo da formação de qualidade e do comprometimento, deixando os temas salários, estruturas físicas e afins, assuntos já tão amplamente discutidos na mídia por especialistas, fora desta análise, apesar de reconhecer sua importância, mas por entender também que os pontos aqui tocados, se não forem repensados, deixam a Educação em condição de importância diminuída.
A ênfase principal é responsabilidade e capacitação, ser professor é importante demais para ser encarado no nível superior como “bico”, e nas formações básicas como falta de opção. Todos nós temos na memória um professor exemplo. Esta cumplicidade é fundamental para o despertar do aluno, do ser humano, do cidadão.
Vários são os artigos que reclamam da falta de educação no trânsito, educação política, educação humanizada, e como fazer se professores e alunos não se completam nesta cumplicidade?
Nas minhas experiências profissionais estive em países em que grandes investimentos só ocorrem após análise dos professores contratados que assessoram os dirigentes das empresas.
Por aqui, ao contrario, ainda nos deparamos com a discussão entre teoria e prática, como se a escola fornecesse apenas um papel e o conhecimento estivesse disponível na rua. Com essa visão míope, onde vamos parar?
Uberaba, pela importância que teve e tem para a região, o estado e o país, deveria se preocupar com o tema, pois somos uma cidade estudantil. A valorização do professor e a postura do aluno em sala de aula, passa pela família, mas também pelo cuidado que devemos ter com os gestores e com as responsabilidades que eles têm com o Sistema.
Vivemos este tempo ainda, e de nada adianta falar em desenvolvimento humano, social e econômico, sem falar em educação de qualidade e não de quantidade. A abertura de cursos de graduação e pós-graduação indiscriminadamente, e aplicação de índices sem razão lógica, levam a números que nada resolvem, pois consciente ou inconscientemente é “proibido” Reprovar.
Quando todos entenderem este processo, creio que não teremos mais que discutir salários, direitos trabalhistas, mercado, e claro, sobre gestores mal intencionados (o uso inadequado e político do FIES é um exemplo disso).
O foco é o ensino superior, mas creio que esta analise se aplica ao fundamental e médio, público e privado.
Este tema merece reflexão permanente. Na Educação, está de fato o futuro do Brasil.
