ARTICULISTAS

Quando a chuva deixa de ser poesia e se torna alerta

Karim Abud Mauad
Publicado em 07/11/2024 às 18:21
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Chuvas tão desejadas,  hoje tão preocupantes.

Chuvas outrora poéticas, hoje tao destrutivas.

Chuvas da antiga São Paulo da garoa, agora deixando paulistanos sem energia por dias.

Chuvas que nossas mães pediam para evitarmos, ao jogar bola por causa do barro, hoje varrendo cidades mundo afora.

O episódio na Espanha nos últimos dias foi estarrecedor, principalmente pela mortalidade causada – infelizmente atingindo a todos, mas com maior impacto sobre os idosos.

No Brasil, temos experimentado excessos das chuvas,com frequência assustadora.  Fresco  na memória , os estragos ocorridos no Rio Grande do Sul neste 2024.

Ainda um pouco antes, o mesmo na Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo – este último no início de 2023 – nos deixaram perplexos pela velocidade, volume, recorrência e duração das chuvas. E estas chuvas vao se tornando rotinas.

Esses eventos climáticos e a preocupação com seu menor espaçamento de tempo , têm motivado discussões ao redor do mundo.

Independente do viés adotado, creio ser importante reconhecer que temos um problema grave, que demanda políticas públicas efetivas e de curto, médio e longo prazo, envolvendo toda a sociedade civil e os entes federados.

No Brasil, a preocupação envolve chuvas e ventos, ao contrário de outros países que lidam com  estas e também  intempéries como furacões, tornados, tsunamis.

É um fato claro e conhecido ,que nossas cidades e infraestrutura urbanas, não estão minimamente preparadas para o que estamos enfrentando. Nossa topografia e legislação são obstáculos adicionais nesse processo.

Nossa ocupação irregular de outrora geram condições alarmantes no presente. A falta de investimento contínuo em drenagem pluvial leva a situações como as vividas recentemente, nos dias 26 e 27 de outubro de 2024, que felizmente não causaram vítimas fatais.

Passadas as eleições, onde o culpado é sempre quem está no comando, devemos deixar a política eleitoral de lado e agir de fato para buscar soluções na engenharia, alocar recursos onde disponíveis e atuar preventivamente, resolvendo os problemas de hoje e preparando-nos para o amanhã.

Os exemplos estão claros, os caminhos são conhecidos, e é imperativo nos organizarmos e planejarmos as ações que nos livrarão desses infortúnios recorrentes.

Este espaço não busca apresentar soluções, mas promover reflexões para juntos desenvolvermos nossa cidade. Quem sair na frente neste campo terá vantagens competitivas no cenário nacional. Oxalá, seja este o pensamento de quem nos lidera.

A cidade das Sete Colinas e seu povo hospitaleiro agradecem.

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