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Tarifaço: entre o cômico e o trágico, o Brasil da piada pronta

Karim Abud Mauad
Publicado em 19/07/2025 às 12:16
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Julho de férias no outrora, de tarifaço no agora.

Eu já vi muita coisa estranha, mas troca de correspondência presidencial por rede social é de uma falta de senso ímpar. Principalmente quando o assunto político ultrapassa o teor comercial dito prioritário. Benditos Simpsons e Fox News.

No meio desse tiroteio, claro que os atores políticos tupiniquins começaram a se arvorar de donos do tarifaço. Quem ganha e quem perde com ele? É de fato um jogo, que creio não durará quando agosto chegar. Será desgosto?

O humorista Paulo Araújo sugeriu uma tarifa interna de Minas Gerais com relação aos outros estados da Federação — no queijo, pão de queijo e cachaça — com o intuito de passarmos a ter praia. Até aí, nada de novo: já teve governador nessa toada no passado, e, mais recentemente, com votação de projeto no Congresso. Minas no tarifaço pelo sonho do mar. Seria de fato cômico, se não fosse trágico. E, de fato, fica leve, pois o assunto não nos parece sério. Será?

No Rio Grande do Sul, ou em Fortaleza, uma tal “tia Carmen”, empresária ou o imaginário de muita gente, anunciou um adicional de 50% exclusivamente para cidadãos norte-americanos que frequentarem seu estabelecimento. Ao seu modo, com sua mercadoria e produtos típicos e peculiares nacionais, ela entendeu o espírito da coisa de forma mais rápida que muitos dos torcedores das bandas extremas do poder — de um lado e do outro. Ela seria, mesmo apenas na anedota, um bom exemplo para os políticos de plantão, que, além do tarifaço, têm um IOF a ser ajustado no meio do caminho. Ah, ela chamou a medida de desaforo e completou: “Aqui é Brasil, não iremos aceitar esse tipo de provocação...”. E ainda lembrou da importância desse entretenimento, uma atividade milenar, também para os americanos. E viva “tia Carmen” e sua lucidez inventiva meridiana. Essa é verdadeiramente patriota! Na zoeira este é o sentimento. Afinal, eu posso!

Não vou enveredar pelo termo soberania nacional, pois tem tempos que nossos ditos líderes não a praticam. Eu sempre fico em dúvida sobre se o termo é borra-botas, lambe-botas ou ambos — com ou sem mandato. O que li, ouvi e assisti de declarações destes, nestes últimos 10 dias, nas mídias sociais e tradicionais, é de arrepiar os cabelos da b...a, como gosta de dizer o Chico da Tiana, outro humorista que por aqui esteve recentemente.

Citei dois humoristas e uma suposta história de uma empresária do sexo, pois, afinal, somos o país da piada pronta. Novamente, seria cômico, mas de fato é trágico.

E sempre chamando à reflexão, temos que lembrar da época da Covid, quando não se queria fechar os estabelecimentos comerciais, para salvar a economia. Aquele equilíbrio necessário movimentou a todos. E hoje, seria correto prejudicar a todos por um grupo pequeno? Tirania é tirania — da direita até a esquerda.

Apostar contra o Brasil é justo, cristão, patriótico? Tem a família no centro da decisão? Quem ganha e o que ganha neste jogo?

Com a palavra: Itamaraty, governo federal, governos estaduais, municipais e todas as assembleias — incluso o Congresso Nacional, também os empresários e o povo.

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