Alguns temas me preocupam, eleições, assassinatos e o covid-19. Surpresas nos resultados eleitorais, nas atitudes das pessoas ao receberem os resultados, nas posturas de quem ficou para o segundo turno, principalmente nos cabos eleitorais. As surpresas não são exclusividade nossa, está por toda parte e lugar. Várias vezes falamos aqui sobre o rumo que as eleições estavam tomando, com agressões e agressividade desmesuradas, indo para o campo pessoal e não de ideias, não apenas em Uberaba. O quadro não mudou, e descobrimos estarrecidos muito sobre intimidades não públicas das pessoas e menos sobre o que estes postulantes pensam para as cidades e especificamente a nossa cidade. Nas oportunidades em que debates e entrevistas são concedidos, com ausências e presenças, fica-se no periférico dos temas, em agressões ou pior, detalhes viram fatos importantes. A pergunta continua, que Uberaba queremos? E ponto.
Espero que todos verifiquem e escolham com tranquilidade e principalmente votem. O primeiro turno foi tranquilo e seguro do ponto de vista dos cuidados com a pandemia. Como cidadãos, precisamos cumprir nosso dever, para podermos exigir nossos direitos. Isto para o Executivo. E importante, já ficarmos atentos com o Legislativo Municipal, lembrando que os escolhidos, pela regra eleitoral, agora devem representar a todos e não só grupos específicos ou pessoas. A bancada eleita por Partidos, tem compromisso com o Povo. Pode parecer Utopia ou Ingenuidade. Espero que os fiscais da rede social ajudem de fato neste processo democrático. Apenas mudando o foco da crítica pela crítica, mas, agindo no dia a dia a partir de 01.01.2021, frequentando, participando, cobrando ações e projetos efetivos. Pesquisando Fatos e Fotos. Com a palavra o eleitor cidadão.
Tenho ainda dificuldades em entender como se banaliza assassinatos no país. O episódio do Carrefour na véspera do Dia da Consciência Negra, feriado aqui e em outros lugares, mostrou o quanto estamos na Idade da Pedra, com relação aos deveres e direitos humanos. A irritação com o feriado para alguns, embaça a análise de todos. A cor da pele do morto, ascendeu debates e posturas as mais cruéis possíveis, com as torcidas se posicionando, sobrou para o time e a ficha criminal. Não vou entrar no mérito do racismo e da diferença social, mas me ater a brutalidade do ato em si. Qual ser humano merece aquele tratamento? O que teria sido feito ou falado para justificar o assassinato de uma pessoa naquelas condições? Negar por negar desigualdades de tratamento que existem e vão continuar existindo, é rasgar a história da humanidade e refutar obviedades. O que me incomoda é o desprezo pela vida humana.
Vários são os exemplos deste desprezo, desde a insegurança pública, passando por estes fatos como o de Porto Alegre, infelizmente tão corriqueiros e também pelo descaso ao se tratar de 170.000 mortos pelo vírus. Temos condições de estancar isto, mas falta vontade humana. Aliás, precisamos lembrar que Vidas Negras Importam, assim como Vidas Brancas, Amarelas, Vermelhas...
A região geográfica, o sexo, a cor da pele, a religião deveria levar em conta, o que de fato somos - a Raça Humana. Sonho com o dia em que unidos possamos juntos bradar - Vidas Humanas Importam. Adoraria ser surpreendido e deixar estas dificuldades no passado. Não devemos politizar e torcer em todos os temas e assuntos, devemos lembrar de nos indignarmos com abusos e excessos. Devemos tratar todo o nosso passivo cultural, lembrando da nossa condição de humanos. Será utopia ou ingenuidade?
Karim Abud Mauad - karim.mauad@gmail.com