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Brasil aumenta diagnóstico do glaucoma

Leoncio Queiroz Neto
Publicado em 07/07/2022 às 20:03Atualizado em 18/12/2022 às 20:23
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O Dia Nacional de Combate à cegueira pelo Glaucoma (26) traz uma boa-nova para o brasileiro. De janeiro a março, o SUS (Sistema Único de Saúde) realizou 93.235 consultas de diagnóstico e acompanhamento do glaucoma com exames de tonometria, fundoscopia e campimetria ante 88.775 no mesmo período de 2021. Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, de Campinas, a recuperação ainda é tímida, mas todo acréscimo no acompanhamento médico do glaucoma é bem-vindo. Isso porque a doença é a maior causa no mundo de perda irreparável da visão.

Um levantamento exclusivo da equipe do oftalmologista no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, que agrega todas as secretarias de saúde do país, mostra que no período pré-pandemia entre março de 2018 e dezembro de 2019 o SUS realizou 715,5 mil consultas de diagnóstico e acompanhamento do glaucoma. De março de 2020 a dezembro de 2021, foram 581 mil, uma redução de 23% ou 134,5 mil atendimentos diante do acelerado envelhecimento da população, que aumenta o número de casos.

O oftalmologista explica que o glaucoma é decorrente de enfermidades que dificultam o escoamento do humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular. Isso leva ao aumento da pressão intraocular, comprime o nervo óptico, causando a degeneração e morte de suas células.

Geralmente, surge a partir dos 40 anos, mas pode surgir em bebês quando ocorre a má formação do ducto de escoamento do humor aquoso. No Brasil atinge 2,5 milhões de pessoas ou 3% dos que já passaram dos 40, podendo ter prevalência de 7,5% aos 80. Queiroz Neto conta que metade chega à primeira consulta quando já perdeu a visão de um olho ou mais de 40% dos prolongamentos do nervo óptico que conduz as imagens captadas pelo olho ao cérebro. “O problema é que o custo do tratamento é três vezes maior quando já chegou a esse estágio e a visão periférica perdida não é recuperada”, comenta.

Grupos de risco. Quanto mais avançada a idade, maior o risco de desenvolver a doença. O oftalmologista ressalta que o glaucoma é também mais frequente em asiáticos por terem a câmara do olho estreita, afrodescendentes e pessoas com miopia superior a 6 dioptrias. “Na maioria das pessoas, a causa é desconhecida, mas, para quem tem casos na família, o risco é seis vezes maior. “São causas bem conhecidas o diabetes e a hipertensão arterial mal controlados. Podem causar o glaucoma neovascular, que praticamente dobra a chance de cegar”, salienta. Também devem prestar atenção quem faz tratamento contínuo com corticoide, antidepressivo e medicamentos para inibir o apetite que podem aumentar a pressão intraocular.

Tratamento. O tratamento é feito com colírios que controlam a pressão interna do olho, mas deve ser contínuo e o acompanhamento médico periódico é bastante importante. Para quem tem o glaucoma de ângulo fechado, Queiroz Neto afirma que a aplicação de laser tem melhor resultado. “Neste mesmo grupo, há casos em que a cirurgia de catarata libera do uso de colírio, embora não aconteça com todos. O especialista ressalta que o essencial é usar o colírio de forma correta para evitar a perda da visão.

As dicas do médico para garantir o tratamento sã

· Lave as mãos antes de aplicar o colírio.

· Verifique no frasco se é recomendado agitar o produto antes de usar.

· Incline a cabeça para trás.

· Flexione a pálpebra inferior com o indicador.

· Com a outra mão segure o dosador.

· Coloque o medicamento sem relar no bico dosado, evitando a contaminação.

· Pressione com o polegar o canto interno do olho para reduzir efeitos colaterais.

· Feche os olhos por 3 minutos para garantir o efeito.

· Se usar lentes de contato, retire-as antes da aplicação.

· Recoloque as lentes de contato depois de 10 minutos da aplicação.

· Em caso de prescrição de mais de um colírio, aguarde 15 minutos entre um e outro.

Leôncio Queiroz Neto

Oftalmologista, presidente do Instituto Penido Burnier, de Campinas

 

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