A prevalência de lipedema no Brasil é de 12,3% da população feminina adulta. É uma doença que envolve tecido adiposo subcutâneo que nada mais é do que a gordura abaixo da pele e se caracteriza por uma expansão desproporcional desta gordura nas extremidades: braços e/ou pernas, em relação ao tronco: tórax e abdome. Quem esclarece é o médico cooperado da Unimed Uberaba, dr. Ricardo Soffiatti Mesquita de Oliveira. Ele é titular da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e especialista em Cirurgia Vascular/Endovascular e em Ultrassom Vascular Doppler.
De acordo com o dr. Ricardo, normalmente a doença é bilateral, ou seja, compromete os dois lados do corpo. As pessoas mais acometidas são mulheres, aproximadamente 90%, e é comum a doença surgir logo na puberdade ou na fase adulta precoce. Existem vários fatores que, geralmente associados, podem desencadear lipedema ou agravá-la. O médico cita alterações inflamatórias intestinais, obesidade, distúrbios hormonais de estrógeno e progesterona, como também alterações hormonais da tireoide como alguns fatores que podem contribuir para o surgimento ou a piora da doença. “Alguns pacientes têm um componente genético (familiar).”
A doença pode se manifestar logo na puberdade, com o aumento do tecido gorduroso no corpo. O dr. Ricardo observa que geralmente acomete mais frequentemente os quadris e as coxas, mas pode atingir braços e pernas também. O médico explica que pacientes frequentemente relatam inchaço e sensação de peso nas áreas afetadas. Além disso, o que é muito importante e frequente, cita, é o surgimento de dor nos locais comprometidos, além da formação de equimoses (manchas roxas) e hematomas locais.
O especialista destaca que a obesidade crescente faz com que esses pacientes, com o passar do tempo, tenham dificuldade para andar, podendo ter acometimento dos joelhos e quadris. Acrescenta que existem outros sinais e manobras importantes que o médico vascular realiza no consultório para verificar a gravidade ou não de cada caso isolado. Enfatiza que o uso de pílulas anticoncepcionais e terapia de estrogênio, em algumas pacientes, contribui para piora significativa.
O diagnóstico clínico de lipedema, segundo o dr. Ricardo, depende do histórico médico do paciente, exame físico e exclusão de diagnóstico diferencial. Como várias doenças podem estar presentes concomitantemente como diabetes, colesterol alto, obesidade, problemas nos ovários e tireoide, por exemplo, o médico vascular e sua equipe têm por objetivo descartar ou diagnosticar essas anormalidades. “A identificação precoce e o tratamento adequado do lipedema podem ajudar a minimizar a progressão da doença”. Ele frisa que tomar água suficiente para uma boa hidratação e exercícios, tipo hidroginástica, podem ajudar na microcirculação das pernas principalmente. “O ultrassom doppler é um instrumento que ajuda sobremaneira no diagnóstico, além de ser totalmente não invasivo”.
O tratamento da obesidade hoje em dia, com as novas terapias farmacológicas existentes no mercado, possibilita fazer o controle metabólico de pacientes obesos e diabéticos, influenciando positivamente no lipedema.
O resultado estético, alerta, não deve ser o objetivo principal do tratamento do lipedema. O importante, assegura, é sempre associar todas as terapêuticas e fazer com que o paciente mantenha o tratamento por tempo prolongado mudando totalmente seus hábitos de vida para melhor.