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A receita de Lina

A mineira Lina herdou seus dotes culinários observando sua mãe preparar quitutes e bons pratos da comida das Minas Gerais

Luiz Cláudio dos Reis Campos
lucrc@terra.com.br
Publicado em 27/08/2009 às 21:16Atualizado em 20/12/2022 às 10:56
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A mineira Lina herdou seus dotes culinários observando sua mãe preparar quitutes e bons pratos da comida das Minas Gerais.

Aprendeu a arte de condimentar com hortaliças oriundas do seu quintal, transformando-as em verdadeiras iguarias dignas do paladar mais aguçado. Tudo isto com muita economia e a habilidade de não desperdiçar nenhum alimento, visto ter crescido com a recomendação dos pais de que tudo ali era resultado de muito trabalho. Representava o suor de cada dia.

Com o talento adquirido, tornou-se muito criteriosa nos afazeres gastronômicos.  Percebeu que o sucesso de uma boa receita são a dedicação e observação a mínimos detalhes, tais com tempo de cozimento, tempero moderado e fritura no ponto certo. Sempre se inclinou pelo sal, desde o pré-primário, relutando em aderir aos doces feitos na fazenda de mulheres “fazendeiras”.

Seu cardápio ganhou notoriedade e muitos adeptos. Várias reuniões foram embaladas pelo sabor de sua receita. Foi recrutada para confeccionar uma perfeita dieta, balanceada com critérios rigorosos de uma nutrição saudável e salutar. Imbuída do princípio que norteia um grande gourmet, lembrou-se das regras básicas de uma honesta cozinha baseada no equilíbrio, utilidade e devoção de quem escolheu o ofício para bem servir.

Com o passar do tempo, Lina começou a receber queixas de comensais que se diziam insatisfeitos com sua inflexível e linear maneira de cozinhar. Queriam adicionar ou suprimir alguns temperos sob a alegação de fastio a uma alimentação que não atendia mais seus apetites. Lina resistiu à gula insaciável dos que queriam modificar sua receita. Acabou demitida. Antes, porém, foi convocada para agilizar uma refeição especial, independente da boa apuração que cada prato requer. Pareceu-lhe que tudo muito bem apurado seria indigesto para quem perdeu o gosto de saborear uma refeição ideal.

Ah, a Lina adulta morou muito tempo no Nordeste. Agora volta pra lá. Vai colher seus frutos. Os frutos do mar. Quem sabe entre mexilhões e lulas também nos dê uma boa receita.

 (*) presidente do PSDB-Uberaba

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