Não vejo há um bom tempo qualquer referência sobre o assunto que prometia revolucionar, ops, revolucionar não pega bem; prometia restaurar a educação brasileira nos moldes de antigamente. Essa vara de condão é a chamada Escola sem Partido, fundamental para que se liberte os alunos de professores/doutrinadores que fazem apologia política, aliciando jovens, desvirtuando-os dos valores morais, éticos, dos bons costumes, da religião e de tudo que lhes é fundamental a uma sociedade que antagoniza o mal e preserva os princípios da tradição, família e propriedade. Trago o assunto para me amparar como base nos idos de uma época escolar à qual pertenci na condição de aluno Marista. O ano era 1975, vivíamos em plena ditadura que celebraria seus 11 anos, ou seja, partia para a segunda década. Na Itália, a brigada vermelha estava próxima de sequestrar Aldo Moro, para, posteriormente, executá-lo. E por onde eu trafegava, no recôndito canto de minha sala de aula, também trafegava um distinto italiano, irmão Marista, professor, o inquieto e brilhante Irmão Sílvio Caseri, por muitos colegas apelidado de professor Pardal, em função da personagem da Disney que à época era uma espécie de gênio. Na verdade, Irmão Silvio lecionava Física e ensinava Humanismo. Quanto conhecimento acumulado de tudo, quanto ensinamento além da disciplina, por sinal magistralmente ministrada, mas que era um rito de passagem para suas encantadoras referências que procurava nos “horizontar”. Com olhar distante, lembro-me de uma indagação-provocação que o Italiano, apaixonado por alpinismo, fez a todos nós: para vocês, o que lhes dá mais significado na vida, a amizade e a solidariedade humana ou ganhar muito dinheiro? Claro que ele já sabia a esmagadora resposta – amizade e solidariedade humana. De imediato, Irmão Sílvio disse: muito provável, lá adiante, não estarei entre vocês, mas seguramente a resposta à mesma pergunta será outra, respondida pelo dia a dia de cada um. Irmão Silvio faleceu vítima de um acidente de carro, na Itália. Algo que gostaria de saber seria sua opinião sobre a dita Escola sem Partido. Como não é possível, fico imaginando. Ele evocava Matheus, com outras palavras, para nos dizer: “muitos são os chamados, poucos os escolhidos”. Irmão Silvio era um Humanista de primeira grandeza, que pôs luz onde passou, sem partido, com a opção inquebrantável pela amizade e solidariedade humana. “Grazie di tutto”.
Luiz Cláudio dos Reis Campos